Xiaomi quer dar uma tareia na Porsche. Adivinhe onde e como

Toda a gente teve um colega de turma que no dia antes do exame pedia os apontamentos, copiava e depois tirava melhor nota. É mais ou menos isso que a Xiaomi quer fazer.

Depois de ter sido acusada de copiar as linhas gerais e as soluções tecnológicas do Porsche Taycan, agora esta marca chinesa conhecida por fazer telemóveis, quer bater a marca alemã no seu próprio quintal: o Nürburgring-Nordschleife. A escola onde várias marcas se deslocam para ensinar boas maneiras aos seus desportivos e onde a Porsche tem sido a melhor aluna.

Pois bem, a Xiaomi acaba de anunciar o SU7 Ultra Prototype, a versão mais radical da berlina SU7 e que nasceu com um propósito: bater o «marrão» Taycan Turbo GT no “inferno verde”. Acreditem que traz a lição bem estudada…

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Um, dois, três motores

Para isso, a Xiaomi equipou o SU7 Ultra Prototype com três motores: dois V8s e um V6s. Calma, não os confunda como motores térmicos. O SU7 é uma berlina 100% elétrica e a Xiaomi mostra o seu sentido de humor em dar aos seus motores elétricos designações que dizem tanto aos petrolhead.

Os dois primeiros são os mais potentes, cada um entrega 425 kW (578 cv) e 635 Nm de binário. A rotação máxima destes motores ascende às 27 200 rpm. O mais próximo disto são as 22 000 rpm do épico Hyundai IONIQ 5 N, que já passou aqui pela Razão Automóvel.

No total, o Xiaomi SU7 Ultra Prototype anuncia uma potência máxima combinada de 1139 kW, o que equivale a 1548 cv — bem mais que os 1108 cv de um Porsche Taycan Turbo GT ou os 1250 cv do Lucid Air Sapphire.

Esta potência combinada com uma massa «modesta» de 1900 kg, graças ao uso de fibra de carbono. Tudo isto traduz-se em acelerações impressionantes: menos de dois segundos para acelerar dos 0 aos 100 km/h.

Quanto à bateria recorre à química LFP (fosfato de ferro-lítio) e está integrada num sistema elétrico de 897 V. Foi desenvolvida pela CATL especificamente para automóveis de competição.

Falta saber a capacidade da bateria e a autonomia. Sabemos no entanto que só precisa de 12 minutos para concluir uma carga. Por isso não é preciso esperar muito tempo para ir bater um recorde…

Verdadeiro desportivo

Apenas pelo visual da carroçaria, o Xiaomi SU7 Ultra Prototype já diz quais são as suas intenções: ser rápido. Além da distância entre eixos de três metros e um comprimento acima dos cinco metros, a largura da carroçaria é agora de 2,064 m.

Na frente, há um splitter de tamanho generoso e duas enormes entradas de ar. Na lateral há saias bem pronunciadas e lá atrás não falta uma enorme asa fixa. No total, o SU7 Ultra consegue gerar até 2145 kg de força descendente.

Lição n.º 1: acelerar e travar

Ainda do lado dos componentes mecânicos, é necessário destacar a presença de um sistema de travagem da AP Racing para automóveis de competição. Incluem pinças de seis pistões à frente e atrás e as pastilhas conseguem suportar mais de 800 ºC.

Além disso, para assegurar uma capacidade de travagem a condizer com as prestações, o SU7 também usa o motor elétrico para travar e regenerar energia, até um máximo de 0,6 G. Com tudo a funcionar em conjunto, o protótipo da Xiaomi promete uma desaceleração máxima de 2,36 G. Ou seja, a 100 km/h, a marca anuncia uma distância de travagem de apenas 25 m.

Objetivo: Nürburgring-Nordschleife

Um automóvel elétrico com este nível de preparação é para bater recordes. Menos que isso é derrota. Por isso, nada melhor que o «tira-teimas» preferido das marcas: o Nürburgring-Nordschleife.

Antevisão

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Miguel Dias

Neste traçado, o tempo a bater é o do Porsche Taycan Turbo GT, que conseguiu um tempo de 7min07,55s, o mais rápido entre as berlinas de quatro portas 100% elétricas. Teremos de aguardar por outubro para ver o que vale o SU7 Ultra.

E apesar do estatuto de protótipo, a intenção da Xiaomi é de apresentar a versão de produção do SU7 Ultra em 2025. É possível produzir e homologar uma berlina com estas características? A Xiaomi diz que sim. Mas há quem tenha dificuldades em confiar num aluno que alegadamente foi apanhado a copiar…

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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