Notícias Bugatti Chiron. O primeiro carro de estrada a ultrapassar as 300 mph (483 km/h)

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Bugatti Chiron. O primeiro carro de estrada a ultrapassar as 300 mph (483 km/h)

Objetivo 300 mph (483 km/h)? Ultrapassado. O Bugatti Chiron tornou-se no primeiro automóvel de estrada a fazê-lo, atingindo as 304,773 mph ou 490,484 km/h.

Bugatti Chiron, 490 km/h Ver vídeo

Após a conquista do recorde de velocidade máxima por parte do Koenigsegg Agera RS em 2017, registando um pico de 457,49 km/h, vimos o anúncio de vários pretendentes a esta coroa, mas não por parte da Bugatti e o “esquecido” Chiron, com um novo objetivo em mente: quebrar a barreira das 300 mph, ou 483 km/h, num carro de estrada.

O Chiron, esquecido? Após a Koenigsegg obliterar os esforços da Bugatti, esta (aparentemente) recuou nos seus intentos de recuperar a coroa de automóvel mais rápido do mundo, título conseguido com o Veyron Super Sport em 2010, perseguindo outros objetivos.

Apenas os pretendentes norte-americanos, Hennessey Venom F5 e SSC Tuatara têm feito “ruído” no sentido de bater o Agera RS.

VÊ TAMBÉM: Os 5 recordes do Koenigsegg Agera RS. O carro mais rápido do mundo

304,773 mph, ou 490,484 km/h

Mas, surpresa! Não houve pré-aviso, apenas a constatação oficial de que o Bugatti Chiron tornou-se no primeiro automóvel homologado a circular na via pública, capaz de atingir a barreira das 300 mph, ou 483 km/h, recorde obtido no último dia 2 de agosto.

E não só atingiu as 300 mph, como as ultrapassou, fixando a maior velocidade máxima registada num carro de estrada em 304,773 mph, ou 490,484 km/h! Um feito, sem dúvida.

Uma velocidade incrível. É inconcebível que um carro fosse capaz disto. Mas o Chiron estava bem preparado e sentia-me muito seguro — mesmo nestas elevadas velocidades.

Andy Wallace, piloto de testes da Bugatti
Bugatti Chiron, 490 km/h

Convém realçar que, apesar do valor atingido estar certificado (pela TÜV, o organismo de inspeção e certificação alemão), para ser considerado o carro mais rápido do mundo, duas passagens são obrigatórias em sentidos opostos, com a média entre as duas a dar o valor final. No caso do Agera RS, apesar de terem registado um pico de 457,49 km/h, o valor considerado para o título que ostenta é de 447 km/h, precisamente por essa razão.

O Bugatti Chiron atingiu os 490 km/h apenas numa direção, muito mais que os 457 km/h do Agera RS, mas ao não ter efetuado a tentativa em sentido oposto, o título de automóvel mais rápido do mundo permanece, assim, com o Koenigsegg Agera RS.

Este Chiron não é igual aos outros

Outra questão refere-se à máquina em si. Como podemos ver, este Bugatti Chiron não é igual aqueles que já conhecemos, apresentando uma traseira bem mais longa, além de várias outras modificações. A própria Bugatti define-o como um veículo de pré-produção — significa que veremos um modelo de (muito limitada) produção? Não apostem contra…

Bugatti Chiron, 490 km/h

As modificações efetuadas foram as necessárias para o objetivo de atingir as 300 mph. Como parceiros de desenvolvimento, que começou no início deste ano, a Bugatti contou com a Dallara (chassis e aerodinâmica) e a Michelin (pneus).

Para conseguir atingir velocidades deste gabarito era necessário um menor valor de resistência aerodinâmica, sem no entanto comprometer a estabilidade a velocidades (muito) elevadas.

É nesse sentido que nos deparamos com um Bugatti Chiron mais longo em 25 cm, onde a alongada traseira permitiu obter uma secção transversal inferior. É a justificação para o posicionamento dos escapes, idêntico ao do Centodieci, que assim conseguem projetar os gases de escape o mais longe possível da traseira, reduzindo as perturbações no fluxo de ar. É também o que está por trás da decisão de remover a asa traseira e travão aerodinâmico que conhecemos do Chiron, substituídos por um elemento estático.

Bugatti Chiron, 490 km/h

Tendo em conta as velocidades atingidas, até a altura ao solo passou a ser controlada por laser, de modo a manter o equilíbrio aerodinâmico o mais otimizado possível, em todas as ocasiões.

O outro fator a ter em conta é a potência — os 1500 cv que debita de série não eram suficientes. Este Chiron debita mais 100 cv, totalizando 1600 cv, tal e qual o Centodieci, mas tudo o resto permaneceu igual ao Chiron, nomeadamente, caixa de velocidades de dupla embraiagem e sistema de tração integral.

VÊ TAMBÉM: Afinal, quanto pesa o W16 do Bugatti Chiron?

Pneus, papel crucial

Os pneus, como devem imaginar, assumem um papel crucial nesta missão — não queremos que se desfaçam ao atingir quase 500 km/h. A Michelin, parceira da Bugatti desde o primeiro Veyron, teve como ponto de partida os pneus usados no Chiron — Michelin Pilot Sport Cup 2 —, já de si capazes de suportar mais de 400 km/h, mas não eram suficientes, e por isso reforçou-os.

Bugatti Chiron, 490 km/h

As suas cintas suportam agora 5300 G (!), um valor absurdo necessário considerando que os pneus rodam a umas impressionantes 4100 rpm — durante o desenvolvimento, estes pneus foram testados até aos 511 km/h. O rigoroso controlo de qualidade continuou após a sua produção, com cada pneu a ser analisado ao raio X para otimizar todos os detalhes.

Por fim, os pneus só foram montados no Bugatti Chiron recordista imediatamente antes da sua tentativa em atingir as 300 mph.

Andy Wallace

Aos comandos desta epopeia sobre rodas estava um nome conhecido neste tipo de desafios. Andy Wallace, vencedor das 24 horas de Le Mans e piloto de testes da Bugatti, não é estranho a quebrar recordes de velocidade. Em 1998, o piloto britânico, aos comandos de um McLaren F1, atingiu os 391 km/h, um feito que só seria quebrado pelo primeiro Veyron.

O circuito escolhido para conseguir este feito foi a pista privada de testes da Volkswagen, Ehra-Lessien, na Baixa-Saxónia, na Alemanha. A reta de 8,7 km que possui — que se inicia após uma curva (num plano inclinado) que é atacada a 200 km/h —, continua a ser o palco ideal para estes recordes, tal como aconteceu com o predecessor, o Veyron Super Sport.

Bugatti Chiron, 490 km/h

Não há mais recordes

Com este objetivo histórico atingido, o primeiro carro de estrada a conseguir bater as 300 mph, Stephan Winkelmann, presidente da Bugatti, anunciou também que irão retirar-se desta competição para fazer os automóveis de produção mais rápidos do mundo:

Demonstrámos várias vezes que construímos os mais rápidos carros do mundo. No futuro iremos-nos focar noutras áreas.