Burla com baterias? Mais de 100 elétricos com baterias bloqueadas

Mais de uma centena de elétricos, sobretudo Renault Zoe comprados em segunda mão num stand em Vila de Conde, estão com as baterias bloqueadas, sem poderem ser carregadas.

Não se trata de uma avaria do veículo, mas sim, segundo avança o Jornal de Notícias, o resultado de um alegado esquema de burla que agora está a ser investigado pela Polícia Judiciária.

Resumidamente, quando os donos atuais destes Zoe os compraram estavam convencidos de estar a comprar uma unidade com bateria própria, sem contrato de aluguer de baterias — uma modalidade que a Renault manteve até 2021 e que permitia comprar um Zoe novo por um preço mais baixo (sem o custo da bateria), alugando a bateria por um valor mensal.

Tal estava explícito na fatura da compra onde se podia ler “viatura sem aluguer de bateria”, mas o que é certo é que agora os donos atuais não conseguem carregar o seu veículo, surgindo apenas a mensagem “carga bloqueada”.

Como os donos destes carros vieram a descobrir — incluem-se particulares, empresas e até duas câmaras municipais —, os Zoe afinal tinham um contrato de aluguer de baterias celebrado no estrangeiro (sobretudo França e Alemanha), com o resultante bloqueio da bateria a acontecer sem pré-aviso devido à falta de pagamentos.

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Fernando Gomes

Investigação em curso

As queixas na Justiça e no Portal da Queixa multiplicam-se, com os lesados a terem em sua posse as faturas de compra de “viatura sem aluguer de bateria” e registo de propriedade sem reserva. As denúncias já estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária.

A alegada burla envolve as compras do Renault Zoe ao stand E-Drive, em Vila do Conde — que praticava preços mais baixos —, mas os contratos de aluguer terão sido celebrados antes, com a importadora Famaburgo (com a qual partilha a morada fiscal), que vendeu as viaturas posteriormente à E-Drive.

Segundo a E-Drive os lesados agora devem contactar a Mobilize Financial Services (a antiga RCI dona dos contratos de aluguer e parceira financeira da Aliança Renault Nissan Mitsubishi), pois esta foi quem bloqueou as baterias.

Já a Mobilize Financial Services, citada pelo Jornal de Notícias, indica que “foi a própria E-Drive que solicitou o bloqueio” das baterias para deixar de pagar as rendas destas.

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Recordamos que, apesar de uma viatura com contrato de aluguer de baterias poder ser vendida e até importada, a Mobilize Financial Services tem de ser informada do negócio bem como o comprador do automóvel.

Depois disso deve ser celebrado um novo contrato de aluguer de baterias. Caso tal não aconteça, a Mobilize Financial Services pode bloquear as baterias remotamente desativando-a ou impedindo o seu carregamento.

Além disso, a Mobilize Financial Services pode ainda «obrigar» os concessionários Renault ou outros independentes a recusarem fazer a manutenção da bateria.

Fonte: Jornal de Notícias.

João Delfim Tomé

Apaixonado por automóveis desde sempre, o João divide os seus dias entre as teclas da Razão Automóvel e a chave de parafusos do Lada Niva que está a recuperar.

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