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Carros elétricos ardem mais do que os outros? Analisámos os números

Os incêndios em carros elétricos têm estado nas «bocas do mundo», mas para lá da mediatização, o que dizem os números?

Parque para carregamento de carros elétricos
© André Mendes / Razão Automóvel

Nas últimas semanas têm sido várias as notícias sobre incêndios em carros elétricos, com um ou outro a destacar-se pelo nível de destruição maior do que apenas o veículo ardido em si.

Foi o que aconteceu, por exemplo, a 1 de agosto, em Seul (Coreia do Sul): um elétrico incendiou-se num parque subterrâneo e o fogo acabou por destruir à volta de 140 automóveis, tendo demorado oito horas até ser extinto. Para aliviar os receios do público, o governo sul-coreano prometeu medidas adicionais de segurança em relação aos elétricos, estando em conversações com vários construtores automóveis.

Contudo, apesar da gravidade deste incidente em particular, um carro elétrico arder será assim uma ocorrência tão frequente como tem sido noticiada? É altura de «tirar as teimas».

Renault 5 E-Tech carregamento elétrico
© Event Photos

É compreensível que a questão da segurança desta tecnologia continue a gerar preocupações. Até porque o incêndio num automóvel elétrico é diferente num a combustão, sendo mais intenso e difícil de extinguir, devido à composição química da bateria (ião de lítio).

Porém, a percepção de que os elétricos ardem mais que os outros pode também tem muito a ver com a mediatização dessas ocorrências. Mas deixemos as percepções de lado e vamos olhar para os números.

Vamos a números

De acordo com um relatório elaborado em 2022 pela UE, “algumas estatísticas internacionais estimam que existam atualmente cerca de cinco incêndios por cada 1,6 mil milhões de quilómetros percorridos por carros elétricos, em comparação com 55 incêndios por carros com motor a combustão, na mesma quilometragem.”

Regressando à Coreia do Sul, a taxa é também reduzida. De acordo com o Science & Technology Policy Institute, em 2023, 1,3 incêndios por cada 10 mil automóveis foram causados por 100% elétricos. Já no caso dos carros equipados com motor a combustão esta taxa sobe para 1,9 incêndios.

Saltando para os Estados Unidos da América (EUA), de acordo com um estudo publicado pela AutoInsurance em 2023, através de dados recolhidos pelo National Transportation Safety Board, por cada 100 mil elétricos vendidos, 25 pegaram fogo. No entanto, esse número dispara para os 1530 veículos só a combustão e para os 3475 veículos caso sejam híbridos.

O que os vários estudos mostram é que, em termos relativos, são os carros equipados com motor a combustão aqueles que mais se incendeiam. No entanto, não há vencedores nem vencidos. Tudo deve ser feito para reduzir ao máximo o risco de incêndio dos veículos que conduzimos.

Mais elétricos
Previsivelmente, o número de carros elétricos a circular nas estradas aumenta todos os anos. Em 2023, estima-se que cerca de 1/5 dos automóveis novos vendidos globalmente eram 100% elétricos, aumentando o número em circulação para cerca de 40 milhões, com ênfase na China, Europa e EUA.

O que se pode fazer para reduzir o risco?

Na Coreia do Sul, uma das primeiras exigências do governo após o incêndio do dia 1 de agosto, foi o pedido de identificação dos fornecedores de baterias aos vários construtores automóveis.

De acordo com analistas sul-coreanos, esta medida — vai permitir saber qual o fornecedor cujas baterias têm estado envolvidas em mais ocorrências —, não será suficiente para reduzir os riscos de incêndio. Eles acham que será necessário sistemas de alerta precoce e medidas de segurança contra incêndios mais robustas, especialmente em locais como parques de estacionamento subterrâneos.

Na União Europeia, de acordo com o novo regulamento (2023/1542) que muda as regras aplicáveis ao ciclo de vida das baterias, vai ser introduzido em 2027 o “passaporte para baterias”.

O objetivo é que se consiga ter acesso a informação pormenorizada sobre as baterias, como por exemplo: de onde veio, os materiais que a constituem e todos os detalhes pós-fabrico.

Kim Jonghoon, professor na Universidade Nacional de Chungnam e especialista em veículos elétricos, afirmou ainda uma das soluções poderá passar por não carregar os automóveis elétricos na totalidade. De acordo com Kim Jonghoon, registam-se mais casos de incêndio quando o estado de carga é superior a 90%.

A longo prazo é de esperar a introdução de novas tecnologias, como as baterias de estado sólido, cujo eletrólito é, como a designação sugere, sólido (não inflamável). As de iões de lítio atuais o elétrólito é líquido (inflamável).

Também as baterias LFP (fosfato de ferro-lítio), que são cada vez mais usadas, são consideradas mais seguras que as NMC (níquel, manganês, cobalto), devido à sua maior estabilidade térmica. Mesmo sendo ambas de iões de lítio.

As baterias de iões de sódio — já disponíveis em alguns modelos na China —, também poderão eliminar o risco de incêndio nos carros elétricos.

Fonte: Automotive News Europe

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