Notícias E agora? Indústria automóvel na «linha de fogo» com a China

Indústria

E agora? Indústria automóvel na «linha de fogo» com a China

A indústria automóvel, o principal motor da economia europeia, está sob tensão. A UE coloca em causa a lealdade das relações comerciais da China no mercado europeu.

indústria automóvel

Como noticiámos a semana passada, a União Europeia (UE) está a investigar o apoio do governo de Pequim à indústria automóvel chinesa. A UE suspeita de concorrência desleal.

Um anúncio que foi seguido de uma visita de quatro dias à China, por parte do vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Valdis Dombrovskis, onde enfatizou a necessidade de discutir os subsídios chineses à produção de carros elétricos.

Ontem, no final desta visita, o vice-presidente da Comissão Europeia sublinhou que a UE também está a fornecer subsídios à compra de veículos elétricos, no entanto, ao contrário dos subsídios concedidos pela China, os apoios da UE “estão à disposição de todos os fabricantes”, independentemente da sua origem, ou da incorporação de componentes produzidos localmente.

Ursula von der Leyen discurso Comissão Europeia-2
© Comissão Europeia Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, apontou o dedo à China e afirmou que “a concorrência só é verdadeira se for justa”

Alemanha com telhados de vidro

Uma tomada de posição que não foi bem recebida pelo governo chinês e que poderá, em última instância, resultar em tarifas de retaliação. Perante este cenário, são os automóveis de luxo «made in Germany» os mais visados.

Segundo os dados publicados pela Bloomberg, estima-se que as receitas chinesas representem mais de 25 por cento do lucro líquido dos fabricantes de automóveis alemães. O mercado chinês é o destino final da maioria dos modelos de luxo das principais marcas europeias.

Num relatório parcialmente publicado pela Bloomberg, alguns analistas alertam: “quem tem telhado de vidro não pode atirar pedras”, alertando para a exposição das marcas de luxo europeias a esta disputa comercial.

Perante este cenário, se até agora o selo «made in Germany» era no mercado chinês um símbolo de sofisticação, daqui em diante poderá ser uma desvantagem.

Os números europeus na China

A título de exemplo, a Mercedes-Benz vendeu mais de 750 000 carros na China no ano passado, dos quais pouco mais de 20 por cento foram importados. A BMW importou cerca de um terço dos seus modelos vendidos na China, enquanto a Porsche não constrói nenhum carro nesta geografia.

Para alguns modelos de maior volume, como os familiares compactos e médios familiares, a BMW e a Mercedes-Benz têm parcerias locais que lhes permitem vender esses carros sem tarifas de importação. Mas os modelos de luxo são geralmente produzidos na Europa e na América do Norte, por isso, é neste segmento que a tensão é maior.

Gerir o assunto com «pinças»

Valdis Dombrovskis é o principal responsável pela negociação desta pasta com a China, e após esta visita, reafirmou a postura “mais assertiva” do bloco no comércio com a China.

Na «linha de fogo» está o principal motor da economia europeia: a indústria automóvel. Uma indústria que é responsável por mais de 15 milhões de postos de trabalho e pela mobilidade de 500 milhões de pessoas.