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Fim do incentivo fiscal aos usados importados será apresentado ao Governo

O parque automóvel está a envelhecer, afirma a ACAP. Um dos motivos? Os incentivos fiscais para a importação de veículos usados mais antigos.

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) quer pôr termo ao tratamento fiscal privilegiado concedido aos automóveis usados importados, e vai apresentar essa proposta ao próximo Governo como uma das suas cinco medidas prioritárias para a reforma do setor.

Em causa está a atual fórmula de cálculo do Imposto Sobre Veículos (ISV), que prevê uma redução significativa do imposto com base na idade do veículo usado importado. Um benefício que, segundo a ACAP, favorece a entrada de viaturas antigas e mais poluentes em Portugal, contrariando os objetivos da neutralidade carbónica e da modernização do parque automóvel nacional.

Estamos a tornar-nos o caixote do lixo da Europa com carros a gasolina e Diesel”, denunciou Sérgio Ribeiro, presidente da ACAP, numa conferência de imprensa onde foi apresentada a proposta de reforma estrutural da fiscalidade automóvel.

© Razão Automóvel Sérgio Ribeiro é o novo presidente da ACAP (Associação Automóvel de Portugal).

Uma distorção com impacto ambiental e económico

De acordo com dados divulgados pela Associação Automóvel de Portugal, mais de metade das novas matrículas de ligeiros em 2024 dizem respeito a usados importados, com uma média de idades a rondar os oito anos.

Apesar de alguns desses veículos cumprirem normas Euro mais recentes, o volume de entrada de unidades com sistemas de controlo de emissões degradados tem vindo a preocupar as autoridades e operadores do setor.

A situação é agravada pela redução proporcional do ISV com a idade do automóvel, o que, segundo a ACAP, cria um incentivo artificial que penaliza os consumidores nacionais que optam por viaturas novas ou usadas matriculadas em Portugal.

Fim do ISV e novo paradigma fiscal

A solução proposta pela ACAP passa pela eliminação progressiva do ISV até 2030 e pelo reforço do Imposto Único de Circulação (IUC) como principal instrumento de tributação automóvel. Este novo modelo fiscal — que a associação garante ser neutro em termos de carga fiscal — retira o benefício específico da importação de usados, já que deixa de haver um imposto calculado com base na idade no momento da aquisição.

Com esta alteração, os veículos serão tributados em função da sua utilização e do impacto ambiental real ao longo da vida útil, independentemente da sua origem. A medida deve contribuir para reduzir significativamente a atratividade da importação de usados por razões meramente fiscais.

Alinhamento com Bruxelas

A proposta da ACAP também responde às recomendações da Comissão Europeia, que há vários anos aponta a necessidade de os Estados-membros ajustarem os seus sistemas fiscais, de forma a apoiar a renovação do parque automóvel e penalizar veículos com maior impacto ambiental.