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Procura a descer não é a única preocupação dos construtores sobre elétricos

Rede de carregamento de elétricos "precisa de acelerar drasticamente" na Europa, alertam alguns fabricantes de automóveis.

dois Mercedes-Benz EQC a carregar em posto IONITY
© Mercedes-Benz

Os fabricantes estão preocupados com o futuro dos automóveis elétricos, não só com a diminuição da procura, mas com um problema que persiste desde o «início dos tempos»: o défice da rede de carregamento na Europa.

À medida que as marcas vão produzindo cada vez mais automóveis 100% elétricos e as normas da União Europeia (UE) vão apertando relativamente aos automóveis com motores de combustão, a necessidade de uma melhor infraestrutura de carregamento europeia é cada vez mais urgente.

Renault 5 E-Tech carregamento elétrico
© Event Photos

“O desenvolvimento da rede de carregamento europeia precisa de acelerar drasticamente. Se isso não acontecer, em 2035, os clientes não vão ter a possibilidade de conduzir carros elétricos por toda a Europa, uma vez que não vai ser prático.”

Martin Sander, responsável pelo negócio de elétricos da Ford na Europa

Uma «rede GSM» para elétricos

Alguns dos fabricantes que se pronunciaram recentemente sobre esta problemática foram a Ford e a Renault, na receção #FutureDriven 2024 realizada pela ACEA no início deste mês. A primeira está prestes a lançar o Explorer 100% elétrico, enquanto a segunda apresentou recentemente o novo 5 E-Tech, um elétrico que deverá ser vendido por 25 mil euros.

Fique com as nossas primeiras considerações sobre o Renault 5 neste primeiro contacto estático ao vivo:

De acordo com Luca de Meo, diretor executivo da Renault, e Martin Sander, responsável pelo negócio de elétricos da Ford na Europa, apesar de a questão da rede de carregamento ter passado algo despercebida comparativamente a problemáticas como a diminuição dos custos de produção ou a autonomia dos elétricos, é também uma questão complexa que precisa de resposta urgente.

Luca de Meo compara ainda esta situação à criação do GSM (Global System for Mobile Communications), o padrão europeu da rede digital móvel, dizendo que a UE se deveria inspirar nos esforços que foram feitos para o desenvolver.

Ver também: Portugal precisa de 76 mil novos postos de carregamento. Quanto vão custar

Porém, os reguladores de eletricidade e de telecomunicações, como é o caso da Germany’s Bundesnetzagentur, não acreditam que a rede de carregamento europeia seja uma responsabilidade a seu cargo, mas sim “a cargo das empresas automóveis e dos seus orgãos de autoregulação”.

Esforços estão a ser feitos

Um dos fabricantes que não se queixa do défice da infraestrutura de carregamento, é a Tesla, liderada por Elon Musk. Esta tem a maior rede de carregamento ultrarrápido na Europa, com 12 200 supercarregadores, três vezes mais que a Germany’s EnBW (o segundo maior operador), de acordo com estudos recentes feitos pela BNEF.

A empresa americana não é a única a investir neste sentido. Os fabricantes europeus uniram esforços para criar a rede IONITY — joint venture entre Ford, Grupo BMW, Mercedes-Benz, Volkswagen, Audi, Porsche e a Hyundai.

Até janeiro deste ano, contava com 600 estações e 3300 pontos de carregamento ultrarrápido em 24 países europeus.

Porém, este esforço não se tem mostrado suficiente. Países como a França, onde têm sido feitos grandes investimentos nesta área, continuam a registar um grande défice de redes de carregamento.

“Em Paris existem redes de carregamento que funcionam bem. Onde existe um grande problema, e onde o governo precisa de acelerar, é nas áreas semi-urbanas, em estradas nacionais e outras secundárias. Não há lá nada.”

Vincent Salimon, CEO da BMW França

Fonte: Bloomberg