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Construtores continuam a juntar-se para as contas das emissões

A UE poderá mudar a forma como calcula as emissões poluentes dos automóveis, mas os construtores continuam a reforçar os seus agrupamentos.

Honda e:Ny1
© Honda

Mesmo com a possível mudança de cálculo das emissões proposta pela Comissão Europeia (CE), alguns construtores de automóveis continuam a apostar nos agrupamentos de emissões (emission pools) para evitarem multas avultadas.

No início deste ano, a Stellantis, a Ford, a Toyota, a Mazda e a Subaru anunciaram que se iam juntar à Tesla na sua contagem de emissões. E agora, este «grupo» recebe dois novos membros: a Honda e a Suzuki.

Para além destas, também a Mercedes-Benz já tinha anunciado um agrupamento com a Volvo, a Polestar e a Smart. Segundo o Automotive News Europe, todas estas “uniões” já foram aprovadas pela Comissão Europeia (CE).

Suzuki e Vitara dianteira
© Suzuki O Suzuki eVitara é o novo elétrico da marca japonesa.

Mudança no cálculo de emissões pode afetar a estratégia?

A meta de emissões de CO2 a atingir é de 93,6 g/km que, até agora, teria de ser alcançada durante este ano. O que equivale a uma redução de 15% face a 2024 e uma dor de cabeça aos construtores para a atingirem em tão pouco tempo. Tudo porque a única forma viável de a atingir é com a venda de muitos mais elétricos, algo que não está a acontecer, pelo menos ao ritmo necessário.

Por isso, a Comissão Europeia propôs um novo método de cálculo, que passa por considerar a média de emissões num período de três anos, permitindo aos construtores mais tempo para cumprir estas metas e evitar o pagamento de multas por incumprimento no final deste ano.

Apesar de esta medida ainda não ter sido oficializada — tem ainda de passar pelo Parlamento Europeu e Conselho Europeu —, tudo indica que será aprovada dando algum alívio aos construtores.

No entanto, com esta alteração do cálculo das emissões, seria de esperar que a necessidade dos construtores em se juntarem em agrupamentos de emissões — beneficiando as contas — fosse reduzida. Contudo, este não parece ser o caso, com cada vez mais construtores a anunciarem novas parcerias.

De acordo com analistas da indústria, a venda de um automóvel elétrico pode compensar as emissões de três a quatro automóveis a combustão, o que justifica a lógica por trás dos agrupamentos de emissões.

Na altura em que a hipótese de um novo cálculo de emissões foi anunciado, os construtores de automóveis já tinham garantido que os agrupamentos de emissões previamente acordados se iriam manter.

Tesla em alerta vermelho

Embora a Tesla e a Volvo possam lucrar milhões com estes agrupamentos, o cenário não parece favorável para a empresa norte-americana.

A Tesla tem registado uma queda acentuada das suas vendas na Europa. Nos dois primeiros meses de 2024, o número de unidades matriculadas caiu 42,6%, totalizando 26 619 automóveis, segundo dados da ACEA. Se esta tendência continuar, a marca poderá não ser capaz de oferecer tantos créditos de carbono como previsto inicialmente, reduzindo assim os lucros com esses acordos.

Em 2020/2021, a soma paga pela antiga FCA (Fiat Chrysler Automobiles) — que se juntou à Tesla para a contagem das emissões — permitiu à marca americana o financiamento necessário para a construção da sua fábrica na Alemanha.

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