Notícias Smart pode voltar às origens e lançar elétrico para a cidade

Entrevista

Smart pode voltar às origens e lançar elétrico para a cidade

Depois de ter revelado o #5, o maior Smart de sempre, falámos com o CEO da Smart Europe sobre o regresso a modelos como o fortwo.

Thomas van Esveld

A Smart nunca foi tão grande, tão potente e tão cara. A marca que nos deu, no final dos anos 90, um automóvel com apenas 2,5 metros de comprimento evoluiu e agora está a atacar os segmentos premium com um catálogo de produtos totalmente distinto dos anteriores.

Em 2022 apresentou o #1, um B-SUV que partilha a base e as soluções técnicas com o Volvo EX30; em 2024 lançou o #3, um crossover de inspiração coupé para o segmento C; e agora subiu ainda mais um degrau e mostrou o #5, um SUV com 4,7 metros de comprimento que já está a vender na China.

Este é um modelo de estreias dentro da marca germânica: é o maior, o mais potente, o mais pesado e o modelo mais caro que a Smart alguma vez produziu. E acima de tudo é o oposto de tudo aquilo que a Smart advogava quando foi fundada, em 1994.

Smart #5 perfil
© Smart Com 4,70 m de comprimento, o #5 é 2,20 m mais comprido do que o primeiro smart fortwo.

Aquilo que começou por ser uma marca de nicho para responder às necessidades da mobilidade urbana, agora cobre os três segmentos que mais procura têm no mercado europeu.

Em contrapartida, se antes estava praticamente sozinha, sem concorrência, agora tem pela frente dezenas de construtores: o #5 é um excelente exemplo disso, já que vai «aterrar» num terreno até aqui dominado pelo Tesla Model Y.

Regresso às origens?

Apesar disto tudo, a marca não esquece aquilo que a definiu: os citadinos. E por isso mesmo pode voltar a lançar um modelo que satisfaça os clientes que ainda hoje continuam a fazer do fortwo uma proposta tão procurada no mercado de usados.

Dirk Adelmann - CEO da Smart Europe
© Smart Dirk Adelmann, CEO da Smart Europe.

Foi isso que nos disse Dirk Adelmann, diretor executivo da Smart Europe, numa conversa durante a apresentação à imprensa do novo Smart #5, em Estugarda, na Alemanha.

“Atualmente, estamos presentes nos segmentos B, C e D. Portanto ainda há um segmento em aberto para nós, que é o segmento A, onde fomos extremamente bem-sucedidos até meados do ano passado”, começou por dizer o «patrão» da Smart na Europa, antes de deixar uma garantia:

Se voltarmos com um modelo de dois lugares (…) será um verdadeiro Smart, será uma proposta única e não será retro. Isso é uma promessa.

Dirk Adelmann, CEO da smart Europe

“Não olhamos para o passado, geralmente olhamos para a próxima coisa que os clientes esperam de nós nesse segmento”, confessou-nos Dirk Adelmann, que não tem dúvidas acerca da visão que a marca tem para este possível regresso ao segmento A.

Se decidirmos lançar um sucessor (do smart fortwo) ou um novo modelo de dois lugares, será um verdadeiro Smart, com uma autonomia decente e 100% elétrico, isso é garantido.

Apesar de parecer ter muito bem definido aquilo que a marca quer para este futuro modelo, Dirk Adelmann sublinhou — por mais do que uma ocasião —, que ainda não foi tomada nenhuma decisão acerca de um possível sucessor do fortwo. Mas a confirmação pode acontecer mais cedo do que se pensa:

Ainda não está decidido, mas estou otimista de que teremos algo para comunicar ainda este ano.

Recorde-se que já no ano passado, em declarações à Automotive News Europe, Dirk Adelmann tinha afirmado que para lançar um sucessor do fortwo era necessário encontrar uma nova plataforma que permitisse construir um modelo com até 2,8 m de comprimento e que, ainda assim, fosse capaz de cumprir todas as normas de segurança atuais, bem como dar resposta à exigência de qualidade que se espera de um modelo da marca alemã.

A marca terá analisado várias plataformas no mercado que pudessem cumprir todas estas necessidades, mas segundo o próprio, novamente citado pela Automotive News Europe, “nenhuma foi encontrada”.

A solução? Desenvolver uma nova plataforma de raíz: “Já começámos a trabalhar numa nova plataforma dedicada para servir de base a um futuro Smart de dois lugares para a cidade, mas precisamos de parceiros para tornar este investimento viável”, confessou em 2024 à Automotive News Europe.

Aliança com a Renault nos planos?

Questionado por nós sobre se este parceiro de investimento poderia ser novamente a Renault — a última geração do fortwo e forfour foi desenvolvida a meias com o Twingo —, que se prepara para lançar uma nova geração do Twingo, exclusivamente elétrica, Dirk Adelmann foi peremptório:

“Já estamos a trabalhar neste projeto há dois anos. Esse foi, naturalmente, um dos ângulos que explorámos, mas, por agora, posso excluí-lo. E esse é parte do problema neste segmento: se o fizermos sozinhos então temos que desenvolver uma plataforma que não existe”, confessou.

“Se quisermos ter um caso de negócio viável (carro com preço competitivo) é extremamente difícil. Por isso é que ninguém está atualmente presente de forma ativa nessa parte do segmento A onde queremos estar”, disse.