Notícias Francesca Sangalli da CUPRA: “Preferimos que alguém nos ame do que todos gostem de nós”

Entrevista

Francesca Sangalli da CUPRA: “Preferimos que alguém nos ame do que todos gostem de nós”

Estivemos à conversa com Francesca Sangalli, diretora de cores & materiais da CUPRA, que nos explicou as premissas em torno da identidade da marca.

Francesca Sangalli
© SIVA

Seja pelas pinturas mate, pelos apontamentos em cobre ou simplesmente pelas linhas fortes dos seus modelos, a CUPRA conseguiu em pouco anos — desde fevereiro de 2018 que é uma marca independente — algo muitas vezes difícil de alcançar: identidade e carisma.

Números de vendas à parte, que têm sido muito bons, os modelos da jovem marca espanhola conseguiram consolidar-se perante o público e já são reconhecíveis e desejados. Este trajeto, que foi bem mais rápido do que o habitual, explica-se com vários fatores, mas passa muito pela própria concessão da marca, que foi pensada para ser disruptiva e ousada.

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Estivemos à conversa com Francesca Sangalli, diretora de Cores & Materiais da CUPRA, que nos explicou os fundamentos que acabaram por ditar a identidade da própria marca, ao mesmo tempo que nos falou da coragem necessária para fugir ao convencional e sair de um caminho que já estava trilhado.

Francesca Sangalli CUPRA-2
© SIVA

Com a CUPRA City Garage, na baixa de Lisboa, como pano de fundo, Sangalli começou por nos explicar que uma das coisas que fez, no passado, foi questionar a sua equipa: “porque precisamos de seguir necessariamente os códigos normais?”.

Nem todos os desportivos são vermelhos

“Existem pessoas no mundo que (…) se calhar eles estão à procura de uma abordagem diferente, de uma visão mais progressiva”, disse, antes de partir para a inevitável comparação entre os automóveis de cariz mais desportivo e a cor vermelha:

Existem pessoas que procuram algo realmente diferente do que o mercado propôs até agora. Por exemplo, eu adoro conduzir e não quero ter um carro vermelho. Não, eu quero ter um carro bonito e que possa mostrar algo diferente e sofisticado.

Para Francesca Sangalli, a “CUPRA é a marca emocional e progressiva para os amantes de carros que pensam diferente”. E por isso mesmo, a premissa do desportivo tradicional vermelho nunca esteve em cima da mesa, tal como qualquer diferenciação com base na eletrificação, que considera ser algo “adquirido”.

Francesca Sangalli, diretora de Cores & Materiais na SEAT e CUPRA
© CUPRA Francesca Sangalli e membros da sua equipa junto com o CUPRA Formentor.

“Eu lembro-me que antes da pandemia, quando ainda podíamos ir para os salões automóveis, víamos todos estes elétricos que pareciam quase todos iguais, todos brancos, azuis ou algo assim. Quase como se fossem um elétrico e precisassem de mostrar que eram um elétrico. Portanto tinham que ter uma determinada linguagem”, começou por dizer.

“Mas isso praticamente destruiu a identidade de marca, porque quase todos os carros parecem iguais. É como se o elétrico estivesse acima das marcas”, acrescentou.

Para Sangalli e para a CUPRA, ser elétrico (como o Born) ou eletrificado (como o Formentor e o Leon) é uma característica que, só por si, não define nada: “porque temos que ter um design que mostre a eletrificação quando isso é algo que damos como certo em alguns anos?”, questionou a italiana, antes de afirmar, sem margem para dúvidas:

Para nós, o que realmente importa é a marca. Preferimos que alguém nos ame do que todos gostem de nós.

Francesca Sangalli, diretora de cores & materiais da CUPRA

Ter um tom específico, como o cobre, em todos os modelos da marca, ajuda a criar identidade e ajuda a que os CUPRA sejam reconhecidos como CUPRA. Além de, juntamente com as já conhecidas pinturas mate da marca, ajudar a alcançar a imagem requintada e com traços premium que a jovem fabricante também ambiciona.

CUPRA City Garage Lisboa
© SIVA CUPRA City Garage Lisboa

E a esse nível, Sangalli também promete novidades num futuro muito próximo: “Temos uma nova interpretação da paleta de cores e isso é muito marcante e sofisticado. E as cores que vão chegar nos próximos dois anos são incríveis”, disse.

Fazer diferente exige coragem

Sempre alinhada com o ambiente e com a luz de Barcelona, uma das inspirações da marca, diz-nos Francesca Sangalli, a CUPRA está cada vez mais consolidada. Mas o início não foi fácil e exigiu coragem: “É mais fácil criar uma nova marca. Aliás, não vou dizer mais fácil, digo que é mais emocionante, porque é como uma tela em branco, onde podemos começar a colocar coisas, a dar-lhes uma ordem, uma coerência”.

Francesca Sangalli, diretora de Cores & Materiais na SEAT e CUPRA
© CUPRA

Podes criar uma história desde o começo e podes ser coerente com o que estás a contar. Mas a seguir, uma vez construída, o difícil é convencer toda a gente que a história que estás a contar é boa, porque significa investir muito dinheiro e colocar muitos recursos em algo novo.

Francesca Sangalli, diretora de cores & materiais da CUPRA

Quanto ao futuro, e agora que a CUPRA já não é mais uma novidade e que as expectativas das pessoas são grandes, é necessário continuar a surpreender. E isso é um desafio:

“É difícil porque isso significa não só ter coragem de colocar alguma inovação ou algo disruptivo no processo (dos novos modelos), como também investir nessa direção”, disse, antes de concluir de forma clara: “Não tenho medo do futuro”.

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SEAT 1400. Este foi o primeiro automóvel da marca espanhola