Notícias Não havia outra solução. As razões da VW para se juntar à Ford para o novo Transporter

Entrevista

Não havia outra solução. As razões da VW para se juntar à Ford para o novo Transporter

À conversa com o especialista de produto do novo Volkswagen Transporter, ficámos a saber mais sobre o unir de esforços com a Ford e o que diferencia o Transporter da Transit Custom.

Volkswagen Transporter a andar sobre terra, frente 3/4
© Volkswagen

As sinergias entre os fabricantes automóveis tem sido cada vez mais frequentes, à medida que procuram reduzir custos e explorar novos mercados. Nos veículos comerciais é uma prática antiga, mas só agora a Volkswagen entrou neste jogo com a Ford para a nova geração da Transporter.

Foi a oportunidade para questionar Guido-Gordon Henco, especialista de produto do Volkswagen Transporter, numa mesa redonda no âmbito da apresentação dinâmica do modelo em Atenas (Grécia), sobre esta parceria e em como determinou o desenvolvimento da nova geração.

Sem rodeios

Não é segredo que o novo Volkswagen Transporter partilha praticamente tudo com o Ford Transit Custom, e Henco também foi sem rodeios ao assunto: “Para ser totalmente honesto, se falarmos da origem das peças, é 100% Ford”.

VW e Ford
O acordo firmado entre os dois construtores em 2020 abarcou uma série de áreas, dos comerciais como a Transporter/Transit e a Amarok/Ranger — concebidos e produzidos pela Ford —, aos veículos elétricos como o Explorer e Capri, que assentam sobre a plataforma MEB dos alemães.

A decisão de seguir este caminho de partilhar plataforma e motorizações com um dos seus maiores rivais — apesar de a Transporter ser líder de vendas da classe na Europa —, prende-se essencialmente por uma questão de eficiência de custos e de economias de escala: “Explorámos diferentes opções, mas a implementação de outra solução seria demasiado dispendiosa. O nosso objetivo é ter um veículo robusto e acessível, e os motores da Ford oferecem qualidade e fiabilidade. Acreditamos que o mercado os aceitará bem”, reforçou.

Apesar de terem quase tudo em comum, a Volkswagen garante que o ADN da marca permanece intacto: “O desenvolvimento foi feito em conjunto com a Ford, mas foi fortemente influenciado pela Volkswagen”, explicou Henco.

Guido-Gordon Henco dá como exemplo as motorizações: “Nós definimos as características e discutimo-las com a Ford. No final, conseguimos uma oferta única de motorizações”. Henco particularizou o motor 2.0 Turbo Diesel que na versão de 150 cv é único à Volkswagen e não estará disponível na Ford.

Por outro lado, a Volkswagen abdicou da versão de 204 cv do mesmo motor, não indo além da versão de 170 cv, devido à norma Euro 7. “Com o motor de 204 cv isso não seria possível no futuro”, justificou Henco.

esboço Volkswagen IDEvery1, frente
Antevisão

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Fernando Gomes

Identidade Volkswagen

Neste tipo de projetos, que partilham grande parte da carroçaria, talvez a tarefa mais difícil seja a de conseguir uma identidade distinta nos modelos de cada marca.

Guido-Gordon Henco reforçou que foi grande o esforço para conseguir o máximo de diferenciação no novo Volkswagen Transporter: “Procurámos manter a herança da geração anterior (T6). Na minha opinião, a Ford agora tem um design muito mais próximo da Volkswagen”, afirmou.

Os dois furgões partilham tudo do pilar B (o segundo) para trás, devido aos requisitos devido a requisitos estruturais. Já na dianteira, a marca alemã pode assumir uma abordagem distinta: “Temos a «linha Bulli» , que é 100% Volkswagen”, sublinhou.

No habitáculo, também houve alguma flexibilidade para diferenciação. A Volkswagen desenhou a parte superior do tabliê, enquanto a inferior é partilhada com o construtor norte-americano. “Os pontos estruturais onde os ecrãs são montados são os mesmos, mas o software (gestão de frotas) é completamente diferente”, acrescentou.

E o futuro?

Embora ainda não haja confirmações, há conversações para desenvolver um modelo comercial mais pequeno em parceria com a Ford. “Existem algumas ideias, mas nada está assinado”, adiantou Henco.

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