“Este é o momento Dieselgate da Comissão Europeia” afirma a Transport & Environment sobre a Euro 7

A Transport & Environment (T&E), um dos principais grupos de defesa do meio ambiente associados aos transportes, também deixa fortes e negativas críticas à Euro 7 proposta pela Comissão Europeia (CE).

Estas são bastante distintas das críticas avançadas pela Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA), mas convergem num ponto: ambas as associações afirmam que o impacto da Euro 7 para a redução das emissões de NO_x e partículas (prejudiciais à saúde humana) será mínimo.

A T&E diz que as regras propostas são “chocantemente fracas” e o seu comunicado não deixa dúvidas da principal razão para isso, iniciando logo com a afirmação de que a “Comissão Europeia deu prioridade aos lucros dos fabricantes automóveis num falhanço histórico para reduzir a poluição tóxica dos automóveis e camiões”.

Reforça ainda o argumento dizendo que a Comissão rejeitou o conselho dos seus próprios especialistas — um consórcio de especialistas designado CLOVE (Consortium for ultra Low Vehicle Emissions) — para as novas regras. Relembramos que o CLOVE tinha proposto reduzir as emissões NO_x em 50% e das partículas em 80%.

Anna Krajinska, gestora das emissões e qualidade do ar na T&E, vai mais longe e diz mesmo que as “propostas para os automóveis são tão fracas que poderiam ter sido rascunhadas pela própria indústria”.

Krajinska relembra que a “tragédia é que a poluição tóxica dos transportes rodoviários mata 70 mil pessoas por ano e esta proposta faz quase nada para prevenir isso”.

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A T&E, além de criticar esta proposta da CE para a Euro 7, dirige também várias críticas à indústria automóvel, dizendo que esta “sempre se opôs a regras mais apertadas”.

E contraria o argumento da indústria de que a Euro 7 vai aumentar substancialmente os custos dos veículos e desviar recursos da eletrificação. A associação diz que a tecnologia para o cumprimento de limites mais exigentes já existe e não requer mudanças de hardware — o aumento médio dos custos seria de 304 euros (avaliação interna da CE), “menos que o custo de uma pintura opcional para um Renault Clio“, remata.

Além do mais, relembra que a indústria automóvel tem reportado nos últimos semestres “lucros saudáveis”, apesar do contexto atual de crise, seja nas cadeias de fornecimento, seja nos custos de vida.

A Transport & Environment afirma ser “agora crítico que o Parlamento Europeu (que ainda tem de aprovar a proposta da Comissão Europeia) reforce estas regras chocantemente fracas ou simplesmente as rejeite”.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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