Fiat Punto. De cinco a zero estrelas Euro NCAP. Porquê?

Este é o ano com mais testes de sempre na Euro NCAP, e após os resultados de excelente nível alcançados nas últimas rondas, com inúmeros modelos a conseguirem as cada vez mais exigentes cinco estrelas, a organização fecha o ano de 2017 com a primeira atribuição de zero estrelas pela primeira vez na sua história. O carro distinguido com tão indesejável honra? O Fiat Punto.

De cinco a zero estrelas em 12 anos

Será o Fiat Punto uma catástrofe rolante, incapaz de proteger os seus ocupantes? Não, o Fiat Punto é simplesmente velho. A atual geração do Punto começou a sua carreira no longínquo ano de 2005, na altura como Grande Punto — já lá vão 12 anos.

Antevisão

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Fernando Gomes

Em termos automóveis, corresponde a sensivelmente duas gerações de modelos. Ou seja, nesta altura já estaríamos a especular não sobre o sucessor do atual Punto, mas sim sobre o sucessor do sucessor. E 12 anos em termos automóveis é mesmo muito tempo.

Desde 2005, a exigência dos testes Euro NCAP não parou de subir. Foram introduzidos mais testes para averiguar a integridade estrutural e capacidade de proteger os ocupantes, a proteção aos peões foi reforçada, equipamentos relacionados com a segurança ativa são agora considerados e, por fim, os equipamentos de assistência à condução, que ajudam a prevenir acidentes, têm cada vez um peso maior para a obtenção das almejadas estrelas.

O Fiat Punto nunca teria hipótese. Apesar das atualizações que recebeu durante a sua longa carreira, nenhuma delas viu a introdução de novos equipamentos de segurança ou de assistência à condução. As razões para tal prendem-se com os custos que poderiam acarretar — compensaria mais, talvez, lançar um modelo novo. Quando foi lançado em 2005, o Grande Punto era um automóvel cinco estrelas. Agora, novamente testado, 12 anos depois, é zero estrelas.

Os outros veteranos do grupo

O Fiat Punto e a sua idade não foi a única vitima dos testes mais exigentes do Euro NCAP — a organização decidiu re-testar modelos que sofreram atualizações (restylings) revelando como as regras avançaram. Alfa Romeo Giulietta, DS 3, Ford C-Max e Grand C-Max, todos eles modelos cinco estrelas quando lançados em 2010 (DS 3 em 2009), agora conseguem apenas três estrelas.

Também o Opel Karl e o Toyota Aygo conseguiram três estrelas, quando antes tinham quatro. O Aygo recupera a quarta estrela quando equipado com o pack de segurança, que inclui o sistema AEB ou travagem autónoma de emergência.

A única excepção a esta regra é o Toyota Yaris. Lançado em 2011, e remodelado extensivamente este ano, conseguiu manter as cinco estrelas, devido à inclusão de novos equipamentos de segurança, como o AEB já mencionado no Aygo.

Duster e Stonic desiludem

Modelos novos no mercado, o Dacia Duster (2ª geração) e Kia Stonic, apesar de derivarem de modelos já existentes — Duster primeira geração e Rio, respetivamente —, também demonstraram uma prestação apenas razoável nos testes, ambos alcançaram três estrelas.

Para se compreender o peso dos novos equipamentos de assistência à condução na avaliação, o caso do Stonic é paradigmático. Quando equipado com o pacote de equipamentos de segurança — opcional em todas as versões —, passa das três para as cinco estrelas. 

O MG ZS, pequeno crossover chinês, não vendido em Portugal, também não foi além das três estrelas.

Os modelos cinco estrelas

Melhores notícias para os restantes modelos testados. Hyundai Kauai, Kia Stinger, BMW Série 6 GT e Jaguar F-PACE conseguiram alcançar as cinco estrelas.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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