Audi vai cortar milhares de postos de trabalho. Entenda as razões

A saga de redução no número de postos de trabalho dentro do Grupo Volkswagen está longe de ver o seu fim. Agora é a Audi que anunciou o corte de 7500 postos de trabalho na Alemanha até 2029, com foco nas áreas de administração e desenvolvimento.

A Audi tem, atualmente, 55 mil empregados na Alemanha. Os 7500 postos de trabalho a eliminar juntam-se aos 9500 postos de trabalho já eliminados desde 2019 nas suas unidades de produção.

O objetivo, de acordo com o construtor, é economizar mais de mil milhões de euros anualmente a médio prazo, garantindo que as instalações alemãs se mantêm competitivas. A empresa assegurou que não haverá despedimentos forçados.

Reestruturação e o papel da Audi Agenda

A base deste plano é o Audi Agenda, um programa estratégico iniciado em 2023, que visa acelerar a transformação da marca para a mobilidade elétrica.

“A Audi tem de ser mais rápida, ágil e eficiente. Isso não vai ser possível sem ajustes no pessoal.”

Gernot Döllner, CEO da Audi

“Estamos a reorganizar a nossa equipa e a alinhá-la de forma consistente com os requisitos do futuro. Estamos a fazê-lo de maneira responsável do ponto de vista social, de forma direcionada e faseada”, disse Xavier Ros, membro do conselho de administração dos Recursos Humanos da Audi.

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Para além da redução dos postos de trabalho, a Audi também planeia cortar nos custos com pessoal através da redução de pagamentos acima do estipulados nos contratos coletivos, bónus e incentivos variáveis. Importa destacar que os trabalhadores das fábricas não serão afetados por estas medidas.

Investimentos e futuro das fábricas alemãs

Apesar dos cortes, a Audi reafirma o seu compromisso com a Alemanha ao prolongar a garantia de emprego nas suas fábricas até 2033 e ao anunciar um investimento de oito mil milhões de euros nas instalações alemãs até 2029.

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Posto isto, a marca anunciou que a fábrica de Ingolstadt foi o local escolhido para produzir um futuro modelo elétrico de entrada e vai partilhar a produção do novo Q3 com a fábrica de Győr, na Hungria.

Neckarsulm, a outra fábrica alemã da Audi, será transformado num centro de digitalização e inteligência artificial para todas as marcas do grupo (Audi, Lamborghini, Bentley e Ducati). Está ainda a ser considerada a produção de um novo modelo nestas instalações.

“As negociações foram difíceis, mas sempre factuais e orientadas para a solução… tivemos de fazer compromissos para permitir flexibilidade financeira para investimentos adicionais”; Jörg Schlagbauer, chefe do sindicato de trabalhadores.

Caminho sinuoso

A redução do número de postos de trabalho que teve início em 2019 tinha como objetivo economizar milhares de milhões de euros para financiar a transição para os elétricos. No entanto, os desafios nessa transição persistem, aos quais se juntam os relacionados com as tensões comerciais e geopolíticas, assim como a ascensão de novos concorrentes, especialmente na China.

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Talvez não surpreenda, por isso, que em 2024 a Audi viu as suas vendas descer em relação a 2023, assim como os seus lucros e margem operacional.

Com estes cortes, os despedimentos planeados do Grupo Volkswagen sobem para 48 mil. A marca Volkswagen lançou um programa que envolve 35 mil despedimentos, já a Porsche planeia cortar 3900 postos de trabalho. Já a unidade de software Cariad, quer cortar 1600 postos.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

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