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Carlos Tavares: “não vejo alternativa a um futuro elétrico”

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, prevê um futuro 100% elétrico, mostrando-se contra o adiamento dos prazos das metas de emissões.

Fiat Grande Panda a carregar
© FIAT

A transição para a mobilidade elétrica pode não estar a correr de acordo com as expetativas otimistas dos reguladores e da indústria automóvel, mas Carlos Tavares, diretor-executivo da Stellantis, reconhece que o futuro é, inevitavelmente, elétrico.

Esta posição não surpreende, dado que o executivo, nos últimos tempos, se tem manifestado veementemente contra o adiamento da data das metas de redução das emissões de CO2, que culminarão em 2035 com o banir da venda de automóveis novos com motor de combustão.

O que parece contrariar o que dizia no passado. Em 2022, Tavares criticou abertamente a estratégia da Comissão Europeia para a eletrificação total e abandono dos motores de combustão interna, afirmando que a transição para veículos elétricos tem custos “para lá dos limites” que a indústria automóvel consegue sustentar.

Peugeot e-2008 - 3/4 frente estrada
© Peugeot Peugeot e-2008

Carlos Tavares justificou-nos, durante uma mesa-redonda em Paris, esta aparente contradição na sua posição: “Quando essa data foi definida fomos muito críticos porque achámos que era demasiado caro e não era a maneira mais eficiente de resolver o problema do aquecimento global. Mas agora, passado todo este tempo, trabalhámos duramente para estarmos prontos em 2035. Acho que devemos manter o plano, porque queremos estar no lado certo da história. Mas as regras têm que ser estáveis e fiáveis.”

O trabalho efetuado reflete-se na oferta 100% elétrica da Stellantis: 16 modelos no segmento B (um dos mais acessíveis), num total de 40 modelos sem emissões, sublinhando o seu foco na eletrificação.

Remar contra a maré

Apesar deste empenho, o grupo encontra-se numa posição solitária, sendo que são vários na indústria a apelar para o adiamento das metas estabelecidas pela CE. Tavares, contudo, mantém-se firme.

“Não tenho intenções de concorrer a nenhum lugar político, por isso não me preocupa. Dirigir uma empresa de outra forma, não cumprindo as normas de emissões e depois aceitar pagar para comprar emissões, não seria ético.”

Carlos Tavares, CEO da Stellantis

Para o executivo “não há alternativa”. A eletrificação é necessária para combater o aquecimento global: “podemos ignorar todas as situações calamitosas (como inundações, furacões, incêndios, etc.) e estar no lado errado ou aceitar e lutar para conseguir cumprir esses objetivos e estar no lado certo da história”, afirmou.

Apesar de reconhecer os desafios que os veículos elétricos colocam — dificuldades de carregamento ou o custo e peso das baterias —, Tavares mantém uma visão otimista.

O líder acredita que a chegada das baterias de estado sólido para 2030 ajudará a resolver muitas dessas questões, permitindo uma redução significativa dos custos: “Com baterias mais pequenas, os custos poderão finalmente descer para o nível dos carros com motor de combustão. E depois podemos continuar a viver”.

No final disto tudo, o futuro parece que vai ser elétrico: “foi o que decidiram os políticos eleitos pelos cidadãos, sendo estas as pessoas que compram e não compram automóveis, mas também respiram o ar de todos”.

Este tópico foi apenas uma parte da longa conversa com Carlos Tavares. Leia ou releia na totalidade: