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Carlos Tavares deixa alertas e afirma “queremos fazer parte da ofensiva chinesa”

Carlos Tavares diz que tarifas são "armadilha" e que batalha entre UE e China terá consequências sociais. Em entrevista, o líder da Stellantis deixa vários alertas.

Carlos Tavares
© Stellantis

Há uma relação agridoce a crescer na novela entre a Europa e a China, que está a gerar grandes expetativas parte a parte, em relação aos próximos episódios.

Isto porque faltam poucos dias para serem conhecidos os resultados definitivos da investigação europeia, à relação entre o governo chinês e os construtores de automóveis chineses.

Com a suspeita de favorecimento económico a pairar sobre estes, que vai contra as regras do comércio internacional, a Europa ameaça com tarifas e a China responde com a mesma possibilidade. Carlos Tavares, CEO da Stellantis, tem uma palavra a dizer sobre isto.

Em entrevista à Reuters, alerta para os resultados desta desavença, que deverá provocar uma “grande batalha”. O que terá um impacto significativo na indústria, provocando desde despedimentos a impedimentos na produção.

© Stellantis A Stellantis emprega mais de 270 mil pessoas, sendo que mais de 50% dos postos de trabalho estão na Europa.

O responsável máximo da Stellantis prevê ainda que a implementação destas tarifas, irá apenas fomentar a inflação nas regiões onde estas forem impostas.

Tarifas são “uma grande armadilha”

As tarifas sobre produtos chineses são um instrumento que segundo Carlos Tavares, irá impactar negativamente as vendas, produção e adiar a reestruturação inevitável dos construtores europeus.

Em causa está a competitividade dos construtores, que uma vez apoiada em tarifas, poderá ser mais artificial do que real.

Nesta entrevista, chega mesmo a descrever as tarifas que a Europa quer implementar como “uma grande armadilha”.

“Quando se luta contra a concorrência e se perde 30% da vantagem competitiva em custos a favor dos chineses, há consequências sociais. Mas os Governos da Europa não estão prontos para enfrentar essa realidade neste momento.”

Carlos Taves, CEO da Stellantis
Leapmotor T03 frente
© Leapmotor O Leapmotor T03 será um dos primeiros modelos da nova marca Leapmotor Internacional a chegar à Europa.

China faz parte da estratégia

Na mesma entrevista, Tavares alerta que 10% dos carros vendidos na Europa serão, em breve, chineses. O que corresponde a 1,5 milhões de unidades vendidas por ano, o equivalente à capacidade de produção anual de 10 fábricas.

No início deste mês, a Stellantis anunciou a nova marca automóvel Leapmotor International, que resulta da joint venture liderada pela Stellantis com a chinesa Leapmotor (51%-49%), que vai introduzir no mercado europeu elétricos chineses.

Sobre este tema e a falar abertamente sobre a estratégia do grupo que lidera, Tavares não deixa margem para dúvidas:

“Nós vamos tentar ser os chineses. O que significa que em vez de estarmos a ser puramente defensivos em relação à ofensiva chinesa, queremos fazer parte da ofensiva chinesa.”

Carlos Taves, CEO da Stellantis

Fonte: Reuters