Tavares alerta que tarifas podem acelerar fecho de fábricas. Mangualde está a salvo?

Carlos Tavares, diretor-executivo da Stellantis, deixou o alerta no Salão de Paris, a semana passada: as novas tarifas de importação sobre os elétricos produzidos na China poderão acelerar o encerramento de fábricas na Europa. Incluíndo as da própria Stellantis.

O executivo português justificou que as tarifas vão forçar os fabricantes chineses (e não só) a deslocar a produção de vários modelos para a Europa, de modo a evitar as tarifas. E isso vai agravar um problema que já aflige a indústria automóvel: a sobrecapacidade de produção.

Neste momento a Europa já tem capacidade para produzir muitos mais veículos do que consegue escoar — contam-se 255 fábricas só dentro da União Europeia (UE), incluindo as que produzem motores e baterias. Isto significa que são muitas as fábricas subutilizadas, não sendo rentáveis. Instalar mais capacidade de produção no continente apenas agravará o problema.

Sabe-se que o futuro das fábricas britânicas da Stellantis vai ser decidido nas próximas semanas e mesmo Mirafiori, a histórica fábrica italiana da FIAT, poderá estar em risco, sendo hoje um pálido reflexo do que foi, quando chegou a produzir um milhão de carros por ano.

E Mangualde?

No meio deste cenário, porém, as perspetivas das fábricas da Stellantis na Península Ibérica, onde se inclui a de Mangualde (as outras são Valladolid, Madrid e Vigo, localizadas em Espanha), são muito mais otimistas.

“O futuro das fábricas na Península Ibérica é, de momento, risonho, como resultado do excelente trabalho feito na produtividade e qualidade. Mangualde tem os melhores índices de produtividade das fábricas Stellantis na União Europeia”, afirmou Tavares numa mesa redonda onde a Razão Automóvel participou. Foi apenas uma de muitas questões que Carlos Tavares respondeu:

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Já não é a primeira vez que Carlos Tavares elogia a performance da fábrica de Mangualde e as notícias mais recentes apenas reforçam o sentimento de segurança para a fábrica portuguesa.

A Peugeot Citroën Automóveis Portugal, S.A. avançou com um pedido de licenciamento à Agência Portuguesa do Ambiente, para incorporar “um conjunto alargado de melhorias em termos de tecnologia de máquinas/equipamentos, qualidade, condições de trabalho e proteção do ambiente” na fábrica de Mangualde.

Segundo os documentos obtidos, no pedido de licenciamento são apresentadas várias alterações. Entre elas, destaca-se o aumento da produção de 12 para 18 veículos por hora, a implementação de um quarto turno diário e a instalação de uma unidade de produção de energia fotovoltaica para autoconsumo (UPAC).

Caso este pedido de licenciamento venha a ser aprovado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro), a fábrica de Mangualde ficará habilitada a produzir mais seis carros por hora, o que corresponderá a uma produção anual efetiva de 117 932 veículos. Este pedido de licenciamento, está disponível para consulta pública até 25 de novembro.

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Isto não significa que esta medida venha a ser implementada a curto prazo, mas caso seja aprovada, permite essa possibilidade.

Mangualde hoje

Atualmente, a fábrica de Mangualde opera com três turnos diários nos dias úteis, adicionando um ou dois turnos aos fim de semana: “À data atual a Peugeot Citroën possui 832 trabalhadores, sendo que o projeto em estudo irá resultar na contratação de 240 novos colaboradores, ficando assim com 1072 trabalhadores.”

As instalações ocupam uma área de 86 830 m², do quais 40 430 m² são área coberta. No documento, não se prevêem ampliações da área produtiva. Porém, prevê-se a ocupação de um terreno novo com uma área total de 13 450 m² para a instalação da UPAC.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

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