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Deixar Itália e desmantelar a Fiat? “Isso são fake news” diz Carlos Tavares

Carlos Tavares, o «patrão» da Stellantis, deixou ainda vários recados ao governo italiano, liderado por Adolfo Urso.

Carlos Tavares apresentação Alfa Romeo Milano
© Alfa Romeo

“Isso são fake news”. Foi assim que Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis, reagiu aos rumores de que o consórcio que lidera planeia acabar a produção em Itália e vender algumas marcas.

Foi durante a apresentação mundial do novo Alfa Romeo Milano, onde estivemos presentes, que Carlos Tavares interveio, no seu jeito direto e pragmático, para desmentir rumores recentes publicados nos media, confirmar outros e enviar recados.

Começou por confirmar que, sim, houve alguns executivos da Stellantis que sugeriram que ele acabasse com algumas das marcas do grupo, formado em 2021, resultado da fusão da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) com a PSA.

O «patrão» da Stellantis admitiu até que, em 2021, chegou a receber uma oferta por parte de um competidor ocidental para comprar a Alfa Romeo.

“Isso aconteceu”, afirmou o executivo português, antes de admitir: “demorei menos de um segundo a dizer: ‘Estão a brincar comigo?’ A Alfa Romeo é provavelmente a maior jóia que temos no nosso catálogo de 14 marcas icónicas. Claro que disse que não”.

Algo semelhante voltou a acontecer no ano passado: “Desta vez foi uma empresa chinesa que bateu à porta a perguntar: ‘Quer vender-me esta marca?’ Não vou dizer que marca é, mas é francesa. Eu disse: ‘Claro que não’”.

Depois, chegou a vez de Tavares falar para o governo italiano, tendo realçado que naquela mesma tarde tinha estado em Turim, no norte do país, para inaugurar uma nova fábrica que irá produzir caixas automáticas de dupla embraiagem eletrificadas.

“A crítica injusta direcionada a alguns dos colaboradores da nossa empresa é sobre o facto de termos fake news — ‘sim, fake news’ —, a circular por aí de que a Stellantis não vai ficar em Itália, não vai investir em Itália e vai desmantelar a Fiat”, disse, antes de afirmar, de forma peremptória:

A minha posição é clara: isso são fake news.

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

“O facto de estarmos aqui hoje com o Milano é a prova do facto de que essas notícias falsas são… falsas”, atirou, antes de destacar que a Stellantis está a “investir mais de cinco mil milhões de euros em Itália”.

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© Alfa Romeo O novo Alfa Romeo Milano será produzido na Polónia, na unidade de Tychy

Esse investimento vai resultar na produção de 15 novos modelos — entre eles os sucessores do Stelvio e Giulia —, duas novas plataformas em Itália, bem como na criação de uma gigafábrica para a produção de células de baterias.

Segundo o próprio, a abordagem “pouco convencional” da Stellantis, com investimentos sob a forma de um centro de economia circular e uma fábrica de baterias, representa “uma visão” que “algumas pessoas têm problemas em perceber”.

“Sentimo-nos em casa em Itália”, disse Tavares, antes de deixar outro recado ao governo italiano acerca de alegadas conversas com marcas como a Tesla e a BYD sobre incentivos para produzirem em Itália.

“Aqueles que estariam a namorar com fabricantes chineses para convidá-los a vir para Itália estão no mesmo caminho daqueles que venderam a Volvo à Geely e a MG a outro fabricante automóvel chinês”, afirmou. E rematou:

Isso não vai acontecer com a Stellantis. Isso não vai acontecer com a Alfa Romeo.

Milano proibido em Itália?

Recorde-se que o ministro da indústria italiano Adolfo Urso criticou a Stellantis por ir produzir o seu primeiro 100% elétrico em Tychy, na Polónia, dizendo, inclusive, que se trata de uma ilegalidade.

“Um carro chamado Milano não pode ser produzido na Polónia. Isto é proibido pela lei italiana”, afirmou Urso, citado pela Reuters. “Esta lei estipula que não é possível influenciar de forma enganosa os consumidores. Por isso um carro chamado Milano tem de ser produzido em Itália”, acrescentou.

A Stellantis por enquanto, não comentou as declarações do primeiro-ministro italiano.