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China pede aos seus construtores para suspender expansão na UE

Há mais em causa do que as tarifas de importação sobre os elétricos produzidos na China neste pedido do governo chinês.

ZHAOJIN

A disputa comercial entre a China e a União Europeia (UE) acabou de ganhar novos e inéditos contornos, com o governo chinês a apelar aos seus construtores automóveis para suspenderem os planos de expansão na UE.

Fontes citadas pela Bloomberg afirmaram que o governo chinês pediu aos seus construtores automóveis que suspendessem temporariamente a procura por locais de produção na UE, enquanto as negociações continuam sobre as tarifas de importação aos elétricos produzidos na China. Embora não seja uma ordem obrigatória, o pedido reforça a posição cautelosa de Pequim.

No passado dia 4 de outubro, a UE aprovou novas tarifas de até 35% (sobre os 10% já existentes) aos elétricos produzidos na China. Em causa está “concorrência desleal” do governo chinês, que Bruxelas acusa de financiar e de fazer baixar artificialmente os preços dos carros elétricos produzidos naquele país.

MG4, frente
© MG MG4

Apesar da Comissão Europeia ter garantido que iria continuar a negociar com a China em paralelo “para explorar uma solução alternativa“, até agora ainda não se chegou a nenhuma. A regulação final será anunciada no dia 30 de outubro.

Investimentos em pausa

A Dongfeng Motor Corporation foi um dos primeiros grupos automóveis a suspender os seus investimentos na Europa, citando o apoio da Itália às novas tarifas como o fator determinante para o recuo.

A Chongqing Changan Automobile Corporation, uma empresa estatal chinesa, cancelou o evento de apresentação da marca marcado para esta semana em Milão, Itália, devido à negociação das tarifas. Até agora, nenhum dos fabricantes chineses se pronunciou.

A Chery Automobile, por sua vez, adiou o início da produção de elétricos na sua fábrica em Espanha, que estava previsto ainda para este ano. A nova data avançada é agora outubro de 2025.

China preocupada

Além das tarifas, a China mostra-se preocupada com o atual ambiente de instabilidade que se observa na Europa, relativamente à procura de elétricos. A redução dos incentivos à compra de elétricos em vários países europeus contribuiu para uma descida nas vendas em relação a 2023, com marcas chinesas como a NIO e MG (da SAIC) a registarem quebras de quase 50% em agosto.

Apesar dos desafios, o mercado europeu continua a ser muito atraente para os construtores chineses, onde conseguem praticar preços mais altos do que no mercado doméstico, marcado por uma intensa guerra de preços que reduz ou anula a rentabilidade.

A BYD, apesar dos apelos do governo chinês, decidiu manter os seus planos de construir uma fábrica na Hungria, para evitar as tarifas da UE. Os planos para uma fábrica de mil milhões de dólares (aprox. 926 milhões de euros) na Turquia, também são para manter.

Fonte: Bloomberg