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Europa dá um passo ao lado e vai mudar as regras de emissões

Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, não mexeu na meta das emissões, mas deu à indústria automóvel mais flexibilidade para as cumprir.

Escapes do Audi RS Q3
© Audi

Não será um passo atrás, mas um passo ao lado. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (CE), anunciou ontem, 3 de março, uma alteração às regras das emissões de CO2, indo ao encontro das preocupações da indústria automóvel europeia.

Ursula von der Leyen foi taxativa: “as metas permanecerão as mesmas”. Ou seja, a média de 93,6 g/km (WLTP) de CO2 mantém-se, mas a diferença é que os construtores terão três anos para a atingir.

Com esta alteração em vez de ser calculada a média de emissões no final de 2025, será calculada a média acumulada dos próximos três anos.

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© Comissão Europeia Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Isto permite, de acordo com o mesmo comunicado, “mais espaço para a indústria respirar e mais clareza, sem alterar as metas acordadas”. A outra consequência desta alteração é que o pagamento de multas é evitado, por agora.

Ursula von der Leyen disse ainda que “tem certeza” que esta proposta de alteração das regras das emissões será aprovada rapidamente, tanto pelo Parlamento Europeu como pelo Conselho Europeu.

Amanhã, 5 de março, esta e outras medidas vão ser apresentadas no Plano de Ação da Comissão Europeia para salvar a indústria automóvel europeia. Além da questão da meta de emissões para 2025, vão ser apresentadas medidas para incentivar a compra de elétricos nos estados-membros e de apoio os construtores europeus de baterias.

Precisa-se de maior flexibilidade

Recordamos que a indústria automóvel europeia tem insistido numa maior flexibilização das metas de emissões para 2025, muito por «culpa» das vendas desapontantes dos elétricos na União Europeia (UE).

Para chegar às desejadas 93,6 g/km — equivale a cerca de 4,0 l/100 km num carro a gasolina —, a solução passa, obrigatoriamente, por aumentar as vendas de carros elétricos. Porém, em 2024, as vendas de elétricos na UE contraíram 5,9%, o que fez soar os alarmes em toda a indústria.

2025 complicado

A ACEA (Associação Europeia de Fabricantes Automóveis) estava a prever, por isso, um 2025 muito complicado, com vários construtores em risco de incumprimento. A associação previa um valor acumulado de multas por incumprimento de 16 mil milhões de euros.

Dito isto, o início de 2025 (janeiro) arrancou de forma mais positiva. As vendas dos elétricos subiram e muito: mais 37,3% face a janeiro de 2024. A questão é que mesmo mantendo este nível de crescimento ao longo do ano, não é suficiente para atingir as metas de emissões acordadas.

As vendas terão de subir bem mais. A quota dos elétricos foi de 15% em janeiro de 2025, mas para garantir o cumprimento das metas, esta terá de ser superior a 20%.

Os construtores também começaram a agrupar-se para que o cálculo das emissões fosse feito conjuntamente e, assim, mitigar ou até anular o valor das multas. A questão é que isso tem levado os construtores europeus a pagar quantias avultadas à concorrência: Tesla e vários construtores chineses são os maiores beneficiados.