Notícias Meta de emissões de CO2 aperta em 2025. Construtores vão alcançá-la?

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Meta de emissões de CO2 aperta em 2025. Construtores vão alcançá-la?

Em 2025, a média de emissões de CO2 terá de ser reduzida em 15% face a 2021, mas são vários os construtores em risco de incumprimento.

Bugatti Chiron Pur Sport
© Bugatti

A partir de 2025, as emissões médias de CO2 dos veículos novos têm de ser reduzidas em 15% relativamente aos limites de 2021. Isto traduz-se numa média de 93,6 g/km (ciclo WLTP). São vários os construtores que estão em risco de incumprimento.

Recordamos que em 2021 a indústria automóvel teve de reduzir as emissões médias de CO2 para 95 g/km (ciclo NEDC) — o mesmo que 110,1 g/km no ciclo WLTP. Realçamos também que a meta de redução de emissões a cumprir varia de construtor para construtor, dependendo da massa média (em quilos) da gama de veículos.

O incumprimento das metas incorre numa multa de 95 euros por carro e por grama acima do estipulado. Ou seja, não é difícil o valor escalar para largos milhões de euros — em 2021 foram pagos 550 milhões de euros por incumprimento. O valor arrecadado vai para o fundo geral da União Europeia (UE).

Que construtores estão em risco?

As metas mais rigorosas para 2025 (que se prolonga até 2029) voltam a colocar vários construtores em risco de incumprimento, de acordo com os dados da consultora DataForce.

Entre os mais expostos, a Ford e o Grupo Volkswagen são aqueles que estão mais longe de atingir as metas propostas em 2025. No caso da Ford, as emissões médias de CO2 no primeiro semestre deste ano foram de 125 g/km, mas em 2025 terão de baixar para 96 g/km. O Grupo Volkswagen registou 123 g/km e tem de reduzir para 95 g/km.

No extremo oposto, os únicos fabricantes automóveis que já se encontram abaixo das suas metas para 2025 são a Tesla e a Geely. A marca de Elon Musk, uma vez que apenas comercializa veículos 100% elétricos, é óbvio que cumpre as metas impostas.

Por sua vez, a Geely tem sido beneficiada pela performance da Volvo. Apesar dos suecos continuarem a vender automóveis a combustão, a quota de elétricos já é substancial. Repare-se que a meta para 2025 são 90 g/km, mas nos primeiros seis meses de 2024 apresentou uma média de 56 g/km.

Volvo ex30 dianteira
© Volvo O Volvo EX30 já é um dos elétricos mais vendidos na Europa — está no TOP 3, só superado pelos Tesla Model Y e Model 3.

A Toyota (inclui Lexus e mais marcas) é a que está mais perto de atingir as suas metas para 2025 (98 g/km). Apesar de não vender muitos elétricos, vende muitos híbridos o que permite manter o valor das emissões em níveis muito baixos.

Dependência dos elétricos e híbridos plug-in

A forma mais rápida de atingir as metas de redução de emissões de CO2 é aumentar a venda dos 100% elétricos. Contudo, este ano tem-se registado um arrefecimento da procura por este tipo de automóveis, justificado, em parte, pelos cortes nos incentivos e pelos preços praticados.

Na Europa, no primeiro semestre de 2024, a quota de mercado dos elétricos foi de 13,3%, um valor inferior face aos 13,8% do ano passado, de acordo com a DataForce.

Ford Kuga ST-Line 3/4 de frente
© Ford Ford Kuga PHEV é um dos híbridos plug-in mais populares no mercado europeu.

As contas das emissões para 2025, no entanto, poderão complicar-se ainda mais. Isto porque os híbridos plug-in, que têm sido fundamentais para as contas de muitos construtores, poderão sofrer um tombo nas vendas no próximo ano. Recordamos que este ano as vendas dos híbridos plug-in têm subido mais do que a dos elétricos.

A razão prende-se com o “fator de utilidade” dos híbridos plug-in. Este fator refere-se à expetativa da distância percorrida em modo 100% elétrico, que é de 70-85% do total. Na realidade, tal expetativa não se confirma, como se pode ver num estudo da Comissão Europeia:

A partir de 2025 o “fator de utilidade” será reduzido para 50%, para ir de encontro ao uso real deste tipo de veículos, o que vai afetar os valores oficiais de consumos/emissões dos híbridos plug-in, «obrigando» os construtores a fazerem ainda mais contas.

Suavizar as metas

Oliver Blume, diretor-executivo do Grupo Volkswagen, já veio apelar à UE, no início deste ano, para suavizar os objetivos de emissões de CO2. É fácil de perceber o porquê.

Sendo o aumento das vendas dos elétricos a única forma realista de atingir as metas propostas e estando as vendas a estagnar, Blume é categórico: “Não faz sentido que a indústria tenha de pagar multas quando as condições estruturais para o aumento da produção de veículos elétricos ainda não estão estabelecidas”.

Este não foi, no entanto, o único fabricante a pronunciar-se sobre as metas. Também o diretor-executivo da BMW, Oliver Zipse, pediu uma revisão das mesmas, assim como Luca de Meo, o diretor-executivo do Grupo Renault e atual presidente da ACEA (Associação Europeia de Fabricantes Automóveis).

Fonte: Automotive News Europe