Notícias Novas regras das emissões dividem indústria automóvel

Emissões

Novas regras das emissões dividem indústria automóvel

A Comissão Europeia propôs alterar o regulamento das emissões de CO2, provocando reações díspares na indústria automóvel.

© Volkswagen

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, propôs ontem uma alteração no regulamento das normas de CO2, e as reações da indústria automóvel têm sido bastante díspares.

Depois de várias queixas por parte de vários construtores face às dificuldades em cumprir com as novas metas de emissões para este ano, a CE propôs uma alteração no prazo para cumprirem estas metas. Ao invés de um ano, a Comissão propõe três.

Posto isto, têm sido vários os construtores a pronunciarem-se sobre esta decisão e as opiniões divergem.

Quem está a favor?

O Grupo Volkswagen, a Stellantis e o Grupo Renault receberam a medida com agrado. O construtor alemão, que é um dos fabricantes mais expostos às metas propostas em 2025, elogiou a abordagem, caracterizando-a como “pragmática”.

Já a Stellantis considerou a decisão “um primeiro passo significativo” para manter a competitividade e acelerar a eletrificação, pode ler-se em comunicado. Relativamente à Renault, esta destacou a flexibilidade da proposta, que permite que os construtores reduzam as emissões, sem pôr em causa a sua competitividade.

© Renault A Renault está a apostar forte na eletrificação. Depois do Renault 5 E-Tech e do Renault 4, a marca vai lançar o Twingo E-Tech.

Porém, as reações não ficaram pelos construtores. Os Governos italianos e checos aprovaram a mudança, embora o governo checo seja mais ambicioso, já que pretende estender o prazo para cinco anos, avançou o ministro dos transportes da Chéquia, Martin Kupka.

A Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA) e a Associação Europeia de Fornecedores da Indústria Automóvel (CLEPA) mostraram-se cautelosas. Se por um lado, consideraram a proposta positiva, por outro lado alertaram que o cumprimento das metas continua a ser um grande desafio.

“Apreciamos estas medidas, mas deixem-me ser claro sobre a nossa principal preocupação: Como é que vamos fazer a transição para a eletrificação funcionar?”, disse Ola Källenius, presidente da ACEA e diretor executivo da Mercedes-Benz, em comunicado.

Quem está contra?

No reverso da medalha, encontra-se a Volvo. O construtor sueco foi a principal voz contra esta possível alteração, alertando que poderá atrasar a transição para a eletrificação. A Volvo argumenta que as metas foram definidas há anos e que empresas como a sua já investiram milhares de milhões para cumpri-las.

“Empresas como a nossa não deviam ser prejudicadas por alterações de último minuto na legislação.”

Jim Rowan, CEO da Volvo

Recorde-se que a Volvo é um dos poucos construtores que beneficia com as regras atuais. Uma vez que está muito abaixo das metas estabelecidas para este ano, o construtor tem créditos de carbono para vender. Nesse sentido, a Suzuki e a Mercedes-Benz já se juntaram à Volvo para o cálculo conjunto das emissões.

De acordo com o UBS Group, a empresa poderá angariar até 300 milhões de euros de concorrentes que desejam “agrupar emissões” para evitar multas.

A associação ambiental ONG Transport & Environment classificou a decisão como um “presente sem precedentes” para a indústria automóvel. “Enfraquecer as regras de emissões da UE recompensa os preguiçosos e faz pouco pela indústria automóvel europeia, além de deixá-la ainda mais atrás da China”, afirmou o diretor-executivo, William Todts.

E agora?

É importante ter em consideração, no entanto, que esta é apenas uma proposta e que precisa de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu.

Amanhã, 5 de março, a CE vai apresentar um Plano de Ação para salvar a indústria automóvel europeia. Além da questão da meta de emissões para 2025, vão ser apresentadas medidas para incentivar a compra de elétricos nos estados-membros e de apoio os construtores europeus de baterias.

Sabe esta resposta?
O que significa baterias de LFP?