Notícias Há fábricas a mais? O estado da indústria automóvel europeia

Indústria

Há fábricas a mais? O estado da indústria automóvel europeia

A indústria automóvel europeia está a passar por um período difícil que está a agravar o problema de sobrecapacidade de produção existente.

Audi Q8 Bruxelas - linha de montagem o «casamento»
© Audi

No ano passado, quase 1/3 das maiores fábricas europeias automóveis dos cincos maiores construtores europeus — BMW, Mercedes-Benz, Stellantis, Renault e Volkswagen — foram subutilizadas.

De acordo com uma análise efetuada pela Bloomberg, através de dados fornecidos pela Just Auto, estas fábricas produziram menos de metade da sua capacidade em 2023 — para uma unidade ser lucrativa, a regra é que esteja a laborar a, pelo menos, 80% da sua capacidade.

Esta situação vem acentuar o cenário preocupante que tem vindo a assombrar a Europa nestes últimos meses, com vários construtores automóveis a anunciarem o encerramento de fábricas e suspensão temporária da produção de modelos.

Linha de produção Mangualde
© Stellantis Linha de produção na fábrica da Stellantis

A contribuir para este cenário está um mercado europeu em desaceleração. Em agosto, os números da ACEA mostram uma queda de 16,5% nas vendas, ainda que no acumulado do ano se mantenha uma subida de 1,7%.

Junte-se a introdução de várias novas marcas automóveis, sobretudo chinesas, no mercado, e o problema de sobrecapacidade de produção que já afetava a Europa vê-se agravado.

Grupo a grupo

Entre os construtores afetados, destaca-se o Grupo Volkswagen, que, para além de ter recentemente anunciado o encerramento da fábrica da Audi em Bruxelas, na Bélgica, onde é produzido o Q8 e-tron, equaciona fechar também fábricas na Alemanha, pela primeira vez na sua história, de forma a cortar custos.

O conglomerado alemão, sediado em Wolfsburgo, estará ainda a ponderar desfazer um acordo de várias décadas com os sindicatos, que impedia o despedimento forçado de trabalhadores até 2029. Estão em risco 30 mil postos de trabalho na Alemanha, de acordo com o noticiado pela Manager Magazine, o que corresponde a 10% da sua força de trabalho no país.

“O ambiente económico tornou-se ainda mais difícil e novos intervenientes estão a entrar na Europa”, afirmou Oliver Blume, em comunicado, citado pela Bloomberg. No entanto, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, afirmou que pretende ajudar a Volkswagen a ultrapassar o período de redução de custos.

O grupo alemão, contudo, não é o único a enfrentar problemas. Também a Stellantis tem vindo a registar um 2024 particularmente complicado, com os seus lucros a caírem para metade no primeiro semestre deste ano.

Recentemente, foi obrigada a suspender a produção do Fiat 500, em Mirafiori (Itália), devido à falta de procura.

O Grupo BMW, por sua vez, viu-se obrigado a uma recolha a nível mundial do MINI Cooper SE por defeitos na bateria e de outros modelos por defeitos nos travões, o que levou a uma queda do seu valor de mercado de cinco mil milhões de euros.

A Mercedes-Benz, segundo a Bloomberg, reduziu ontem ao final do dia o seu objetivo para a margem de lucro anual, culpando a deterioração rápida do seu negócio na China. É a segunda vez este ano que revê em baixa as suas metas.

O grupo alemão prevê agora uma margem de rentabilidade entre 7,5% e 8,5% para este ano, comparativamente aos 10-11% inicialmente previstos.

Fonte: Bloomberg, ACEA e Automotive News Europe

Sabe esta resposta?
Qual era a potência do BMW 333i (E30)?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

BMW 333i (E30). O «primo do M3» que pouca gente conhece