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Rimac poderá recuar nos supercarros elétricos por um motivo

A Rimac ainda não vendeu as 150 unidades que planeia construir do Nevera, o seu hiper-elétrico com 1912 cv de potência.

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© João Faustino / Razão Automóvel

As vendas do Nevera não estão a correr como a Rimac previa. Apesar de estarmos perante um hipercarro limitado a apenas 150 exemplares, a produção ainda não está totalmente vendida.

Naturalmente, isto obrigou a uma reflexão interna. De acordo com Mate Rimac, o diretor executivo da Bugatti Rimac, está tudo relacionado com a perceção que as pessoas têm dos carros elétricos.

“Começámos a desenvolver o Nevera em 2016/2017, quando os elétricos eram cool“, afirmou Mate Rimac na conferência Future of the Car, do Financial Times, em Londres (Reino Unido), citado pela Autocar.

Mate Rimac, CEO da Rimac
© Rimac Mate Rimac, diretor executivo da Bugatti Rimac

“Os reguladores e alguns fabricantes pressionam tanto (os elétricos) que a narrativa mudou. Eles estão a impor-nos coisas que não queremos, por isso as pessoas sentem alguma repulsa por isso, por esta imposição forçada”, acrescentou o «patrão» da Rimac.

“Eu sou sempre contra isso. Acho que tudo tem que ser baseado no mérito. Por isso o produto tem de ser melhor”, acrescentou, citado pela Autocar.

Recorde-se que quando o Nevera começou a ser idealizado, o objetivo era demonstrar o que era possível fazer com motores elétricos e baterias, uma tecnologia que, apesar de todos os avanços, ainda está na sua fase inicial. Desde então muita coisa mudou:

“Nessa altura, pensávamos que os carros elétricos seriam cool dentro de alguns anos, que seriam os melhores carros ou com a performance mais elevada (…). Agora percebemos que à medida que a eletrificação se está a tornar convencional, as pessoas no topo querem diferenciar-se”, disse.

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Mate Rimac vai mais longe e traça um paralelismo entre os automóveis e os relógios: “um Apple Watch consegue fazer tudo melhor (face a um relógio analógico de topo). Consegue fazer mil coisas a mais, é mais preciso e até pode medir a frequência cardíaca. Mas ninguém pagaria 200 000 dólares por um Apple Watch”.

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© Rimac

O futuro dos elétricos na Rimac

Contas feitas, Mate Rimac considera que a procura por hipercarros elétricos não vai voltar e que os segmentos mais altos exigem um nível elevado de diferenciação e maior apelo analógico.

“Acho que existe um nicho para fazer coisas que não podem ser feitas com um motor de combustão”, disse o executivo que controla os destinos da Bugatti Rimac. “Não se trata de ser elétrico; trata-se de fazer coisas que outros carros não conseguem fazer e proporcionar uma experiência única”, atirou.

Na sequência destas declarações, importa recordar outra afirmação que Mate Rimac fez à Autocar no início deste ano, quando disse: “A Rimac não é exclusivamente elétrica (…). Está a fazer o que é mais emocionante neste momento”.

Resposta está no… gasóleo

Na altura, Mate Rimac mencionou uma tecnologia inovadora de nanotubos de carbono alimentados por combustível líquido, para substituir as baterias como os conhecemos, cujos principais problemas são a densidade energética baixa e o peso elevado do conjunto.

Por outras palavras, nesta solução que propõe, continuaremos a ter um carro movido por motores elétricos. A diferença é que em vez da energia estar acumulada em baterias convencionais, seria gerada através do sobreaquecimento de um combustível líquido dentro de nanotubos de carbono. De acordo com Mate Rimac, este sistema pode usar GPL, hidrogénio e até gasóleo.

Mate Rimac
Mate Rimac, diretor executivo da Bugatti Rimac.

Com gasóleo ou não, dificilmente o futuro da Rimac passará exclusivamente pela eletricidade. Até porque Mate Rimac já reiterou a importância do toque analógico num segmento como aquele onde o Nevera está a navegar. Por isso mesmo, é muito pouco provável que o fabricante croata venha a fazer um novo hipercarro movido unicamente a eletrões.

Fonte: Autocar