Grupo Volkswagen ao ataque na China. Todos os detalhes do novo plano

O Grupo Volkswagen está a preparar a sua maior ofensiva de sempre na China. A primeira vaga já tem local e data marcada. A edição de 2025 do Auto Shanghai, que arranca a 23 de abril, vai ser o palco da estreia de sete novidades mundiais, cinco das quais classificadas como ICV (Intelligent Connected Vehicles), com tecnologias avançadas de conetividade e condução assistida.

Mais do que um certame automóvel, o evento assume-se como o culminar de uma mudança estratégica profunda: “da China para a China”.

Pela primeira vez, a Volkswagen e a Audi vão apresentar modelos concebidos, desenvolvidos e produzidos localmente, de forma independente das sedes europeias. O objetivo é claro: responder com agilidade às preferências do consumidor chinês e acelerar o desenvolvimento tecnológico ao «ritmo chinês».

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No total, o grupo alemão terá mais de 20 modelos em destaque, com três novidades para a Audi e três para a Volkswagen — antecipadas acima pelo chefe de design da marca. Mas a estratégia, como veremos nas próximas linhas, é mais profunda.

As novidades do Grupo Volkswagen

A ofensiva do grupo alemão começa logo na véspera da abertura ao público, a 22 de abril, com o “Volkswagen Group Night”, onde serão reveladas cinco das sete novidades mundiais.

A Audi estreia um novo elétrico baseado na plataforma PPE, com autonomia, performance e velocidade de carregamento melhoradas, e um sistema de condução autónoma de nível 2 avançado. A este, junta-se outro modelo da Audi, já sob a égide da nova marca e logótipo — AUDI (maiúsculas) e sem anéis —, criado de raiz para a China.

Do lado da Volkswagen, o destaque vai para três protótipos de nova geração: uma berlina 100% elétrica desenvolvido pela FAW-Volkswagen, com nova arquitetura eletrónica CEA; um B-SUV com extensor de autonomia da SAIC-Volkswagen; e, finalmente, um SUV 100% elétrico desenvolvido pela Volkswagen Anhui.

Todos estes modelos serão exclusivos para o mercado chinês, com tecnologias de condução inteligente, novas interfaces digitais e um design pensado para este mercado.

A reconquista de um lugar perdido

Entre 1993 e 2023, a Volkswagen foi a marca mais vendida na China. Mas nos últimos anos perdeu essa liderança para concorrentes locais.

Esta nova estratégia, centrada no desenvolvimento local e na aceleração tecnológica, pretende devolver ao Grupo Volkswagen a posição de destaque que ocupou durante três décadas. A meta está traçada: lançar cerca de 20 modelos 100% elétricos ou eletrificados até 2027 e chegar a 2030 com 30 modelos elétricos no portefólio na China.

Inteligência artificial made in Volkswagen China

Do lado do software — cada vez mais preponderante na indústria automóvel — a grande novidade tecnológica da Volkswagen é o sistema de condução automatizada com recurso a IA, desenvolvido pela unidade CARIZON, uma startup tecnológica sediada na China e propriedade da Volkswagen.

Este sistema, que será apresentado no Salão de Xangai, promete comportamentos de condução mais humanos, adaptados aos cenários de trânsito locais, com níveis elevados de conforto e segurança. A marca fala mesmo em abrir caminho para a condução de Nível 3 e superiores.

Porsche, Ducati e Lamborghini apanham boleia

Embora o foco esteja nos modelos elétricos e conectados, há também espaço para a performance. A Porsche vai apresentar o novo 911 GT3 Touring e mais dois modelos em estreia. A Ducati estreia a Multistrada V4 S e a Panigale V4 S. Já a Lamborghini leva a Xangai o Temerario, reforçando o apelo emocional da ofensiva do Grupo.

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Ao todo, mais de 50 modelos do universo Volkswagen estarão em destaque no certame.

Esta ofensiva não é apenas uma questão de produto. Representa uma mudança de paradigma no modo como o Grupo Volkswagen opera. Com maior autonomia das joint ventures chinesas, processos de decisão mais rápidos e um foco claro na digitalização e IA (Inteligência Artificial), a marca alemã tenta recuperar o tempo perdido face aos novos atores locais.

Assim, o ano de 2025 pode ficar na história como o ano em que o grupo alemão deixou de tentar adaptar o que cria na Europa para a China, para passar a criar na China aquilo que o mercado chinês já pede. Resta saber se este «ritmo chinês» chega a tempo de travar a ascensão meteórica dos rivais locais.

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

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