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Seis marcas de automóveis que estão à beira de um ataque de nervos

Da Fisker à Aiways são várias as marcas automóveis elétricas que estão a passar por um período complicado. O risco de fecharem portas é real.

Fisker Ocean com "Sozinho em casa"
© Razão Automóvel

Nos últimos meses o mercado têm sido, no mínimo, desafiante para as startups automóveis que se dedicam exclusivamente a modelos 100% elétricos. Um espécie de “salve-se quem puder”.

Em causa está o arrefecimento da procura por automóveis elétricos. É verdade que as vendas de elétricos continuam a aumentar, mas não ao ritmo esperado.

E são precisamente as marcas que nasceram nos últimos anos — e foram bastantes — que têm sentido mais dificuldades, por não terem a alavancagem financeira dos «grandes».

Fim próximo?

Entre as novas marcas 100% elétricas que estão a sentir mais dificuldades, a Fisker parece ser a que está num estado mais perclitante.

As notícias das últimas semanas assim o indicam. Começou com o anúncio de 427 milhões de euros de prejuízo no último trimestre de 2023 e um corte de 15% na sua força de trabalho. A bancarrota parece ser “inevitável” afirmou Thomas Hayes, presidente do fundo de investimento Great Hill Capital, em declarações à Automotive News.

A bolsa de Nova Iorque suspendeu a transação de ações da Fisker, devido ao preço anormalmente baixo destas. Sabe-se que houve conversações com um grande construtor para garantir a estabilidade necessária — ao que parece, com a Nissan —, mas essas também não chegaram a bom porto.

A Fisker está agora a tomar medidas drásticas, cortando significativamente o preço do Ocean para conseguir liquidez. Os cortes vão dos 14 mil dólares (aprox. 13 mil euros) do Ocean Sport (versão base) aos 24 mil dólares (cerca de 22,2 mil euros) do Ocean Extreme (versão de topo).

Caso a Fisker não encontre soluções em tempo útil, o risco de falência é elevado, transformando-se na segunda tentativa falhada de Henrik Fisker em formar um construtor de automóveis.

Dificuldades superáveis

Passando dos EUA para a China, a Aiways até foi uma das primeiras marcas chinesas a estabelecer-se com convicção no mercado português e europeu.

aiways u6 em portugal, frente 3/4
© Aiways Aiways U6 está em comercialização na Europa e todo o apoio aos clientes (peças e pós-venda) está assegurado.

Porém, as dificuldades no seu mercado doméstico — a passar por uma «guerra de preços» agressiva —, levou a suspender a produção do U5 e a não ter meios para pagar aos seus trabalhadores no ano passado.

No entanto, a Aiways parece ter encontrado luz ao fundo do túnel, graças à intervenção do estado chinês que, recentemente, ditou o setor da mobilidade como estratégico, distribuindo fundos que vão permitir resgatar vários construtores.

Uma rejuvenescida Aiways poderá, assim, retomar a produção dos U5 e U6 e reorientar a sua estratégia para a exportação — como o mercado europeu —, onde as probabilidades de sucesso parecem ser maiores.

No mesmo sentido, a chinesa HiPhi, que pertence ao Grupo Human Horizons, anunciou em fevereiro a suspensão das operações durante seis meses, devido a um decréscimo da procura que culminou na falta de condições para manter a produção.

HiPhi A, traseira 3/4
© HiPhi HiPhi A foi a última novidade revelada pelo construtor, em novembro de 2023. É uma espécie de supercarro elétrico com 1305 cv.

Dores de crescimento

Saltando para a Europa, a jovem Polestar tem encontrado dificuldades em escalar o negócio. Em 2023 ficou aquém dos objetivos de vendas, tendo sido obrigada a reduzir a sua força de trabalho em 15%. Toda esta situação culminou numa queda das ações de 87%.

Recentemente vimos a Volvo Cars, que detinha 48% da Polestar, anunciar o desinvestimento na empresa, transferindo a sua participação para a «casa-mãe» Geely. Tudo corre bem na Volvo, na Polestar nem por isso. Ficará com a existência assegurada?

Os Polestar 3 e Polestar 4 que chegam ao mercado este ano, ganham assim particular importância para atrair novos clientes e «engordar» a gama de uma marca que se tem apoiado apenas num modelo: o Polestar 2.

Saltando novamente para o outro lado do Atlântico, nos EUA, podemos ainda referir os desafios pelas quais a Rivian e Lucid passam. Tudo devido aos altos juros dos créditos/empréstimos que afastam os consumidores dos seus elétricos de preços elevados.

A Rivian, no entanto, está a mostrar grandes sinais de vitalidade, tendo revelado há pouco tempo dois novos modelos, o R2 e o R3, mais compactos e acessíveis que os R1T e R1S atualmente em comercialização. A marca também revelou que está a equacionar expandir-se para outros mercados.

Em relação à Lucid, as perdas acumulam-se: 2,83 mil milhões de dólares de prejuízo em 2023, apesar das vendas do Air terem aumentado para perto de 8500 unidades. As ações da Lucid caíram 91% no ano passado.

A esperança agora reside no Gravity, o seu novo SUV, que promete ter um apelo comercial superior à berlina Air.

Próximos anos serão de consolidação?

O mundo automóvel é competitivo. Estamos a assistir à maior transformação do setor desde a sua criação há mais de um século.

São vários os analistas que, devido a este momento que o setor está a viver, esperam ver novas ondas de consolidação por toda a indústria, através de aquisições e fusões.

Alguns construtores, no entanto, correm o risco de ficar para trás, enquanto outros decidiram sair da corrida mesmo antes de começá-la, como a Apple. Apesar de ser uma das maiores empresas do mundo, abandonou o seu projeto automóvel após uma década de desenvolvimento e milhares de milhões de dólares investidos.

Sabe esta resposta?
O que é que falta no Polestar 4 e 5?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Polestar acabou com o vidro traseiro dos Polestar 4 e 5. Porquê?