Mazda6 tem finalmente um sucessor mas não é o esperado

O Mazda6 há muito que pede um sucessor: a atual geração da ainda muito atrativa berlina japonesa foi lançada em 2012. Ainda permanece em produção, mas nos últimos anos foi sendo retirado de vários mercados, como o norte-americano, o japonês e também o português.

A resposta a um sucessor parece, finalmente, ter sido dada. E não é a resposta que muitos estavam à espera. Afinal, não se trata da versão de produção do belíssimo Vision Coupe e nem vai assentar na plataforma de tração traseira que serve os CX-60 e novo CX-80.

Ainda é uma berlina, mas esta vai ser 100% elétrica e já a conhecíamos. Foi vista pela primeira vez em abril passado, no Salão de Pequim: é o Mazda EZ-6.

Ao contrário do que foi assumido na altura, o novo EZ-6 não ficará confinado ao mercado chinês e será vendido globalmente, a começar pela Europa, já a partir do próximo outono.

Esta expansão do EZ-6 a outros mercados só foi possível pelo acordo firmado entre a Mazda e a chinesa Chongqing Changan Automobile. Recordamos que os dois construtores têm uma joint venture desde 2012, a Mazda Changan. E foi esta que desenvolveu o EZ-6, a partir do Deepal SL03, uma das marcas e modelos do grupo chinês.

Igual, mas diferente

Não é difícil ver as semelhanças entre os dois — proporções, volume do habitáculo, etc —, mas há que reconhecer o esforço dos designers da Mazda em dar ao EZ-6 um cunho visual único, fosse no exterior como no interior.

Podemos ver isso não só na dianteira, marcada pela presença de uma generosa grelha e grupos óticos esguios e geométricos, como pela modelação das superfícies (sobretudo laterais), que vão de encontro à aclamada estética Kodo. No interior também vemos a mesma arquitetura geral do SL03, mas tal como o exterior, diferente o suficiente para vermos um Mazda.

As imagens disfarçam bem as dimensões vastas desta nova berlina, que é maior que o Mazda6 em todas as direções: são mais de 4,9 m de comprimento (4,92 m), 1,89 m de largura e 1,485 m de altura. A distância entre eixos é de 2,9 m.

O Mazda EZ-6 aponta, assim, diretamente ao âmago das berlinas elétricas do segmento D: Tesla Model 3, Hyundai IONIQ 6, Volkswagen ID.7, BYD Seal e até outros no segmento premium, como o Polestar 2 ou o BMW i4.

100% elétrico confirmado, mas extensor de autonomia não

A plataforma do Mazda EZ-6 (designada EPA) foi desenvolvida pela Changan e permite ser 100% elétrica, ou em alternativa, ter um extensor de autonomia (motor térmico), tal como acontece no Mazda MX-30 R-EV. Mas esse extensor é um quatro cilindros em linha com 1,5 l e não um Wankel.

Para já, para a Europa, está apenas confirmada a variante 100% elétrica. A outra, por agora, só está confirmada para a China, onde este tipo de opção tem crescido significativamente em vendas este ano.

Ainda não sabemos as especificações finais para o mercado europeu, mas vamos assumir que herdará a cadeia cinemática do Deepal SL03. Por isso, esta berlina 100% elétrica deverá contar com um motor montado no eixo traseiro (tração traseira) com 163 kW (221 cv) de potência e 320 Nm de binário.

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Há duas opções de bateria: uma com química LFP de 58,9 kWh e outra NMC de 66,8 kWh, ambas fornecidas pela CATL. A autonomia do SL03 é de 530 km e 610 km, respetivamente, isto no ciclo chinês (CLTC). A Mazda tinha anunciado que o EZ-6 terá uma autonomia próxima dos 600 km (CLTC), o que implica o uso da bateria de maior capacidade.

A Mazda promete também dar ao EZ-6 uma experiência de condução e comportamento dinâmico ao nível do que esperamos da marca. O apuro dinâmico foi efetuado pelo centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Mazda na Europa.

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E as tarifas?

O novo Mazda EZ-6 está previsto chegar à Europa durante o próximo outono. Ao ser produzido na China, vai ser afetado pelas tarifas de importação provisórias da União Europeia. No caso da Chongqing Changan Automobile, essa tarifa é de 20,8%, ao qual ainda temos de adicionar os 10% da taxa aduaneira regular.

De que forma isso afetará o preço do Mazda EZ-6 teremos de aguardar para ver.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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