Notícias Multas de emissões em 2025. Há solução para a indústria evitá-las?

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Multas de emissões em 2025. Há solução para a indústria evitá-las?

Os construtores automóveis estão em risco de não conseguir cumprir as metas de emissões de CO2 para 2025, mas há uma solução que pode ajudar.

escape Volkswagen Golf
© Volkswagen

Em 2025 há novas metas de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) e são vários os construtores automóveis que estão em risco de incumprimento. Caso não as cumpram, os construtores incorrem no pagamento de multas de 95 euros por carro e por grama acima do estipulado.

Foi o que aconteceu em 2020/2021, em que a média de emissões de CO2 a atingir pela indústria era de 95 g/km (NEDC) ou 110,1 g/km (WLTP). Como nem todos conseguiram atingir as suas metas (varia de construtor para construtor), tiveram de pagar multas que totalizaram 500 milhões de euros.

Esse cenário poderá voltar a repetir-se, com a indústria automóvel a ter de reduzir em 15% as emissões de CO2 para o período 2025-29. O que se traduz numa média de 93,6 g/km (WLTP).

Skoda Octavia teste de emissões
© Skoda

A melhor forma de atingir as metas é vender mais elétricos (20% ou mais de quota), mas caso as vendas se mantenham nos níveis atuais (14% de quota), Luca de Meo, o diretor-executivo do Grupo Renault e presidente da ACEA, alertou que o risco de incumprimento é muito elevado. A indústria poderá ter de pagar até 15 mil milhões de euros em multas, segundo de Meo.

Há solução?

A União Europeia (UE), no entanto, disponibiliza uma ferramenta para ajudar no cumprimento das metas e evitar o pagamento de multas avultadas: os construtores podem juntar-se para o cálculo das emissões (emission pools).

Isto significa que um construtor em risco de incumprimento pode juntar-se a outro que não esteja e as emissões dos dois são calculadas em conjunto. Já em 2020/2021 isso aconteceu. O caso mais famoso foi o da antiga FCA que se juntou à Tesla, cuja soma paga pela primeira à segunda permitiu financiar a construção da fábrica da Tesla na Alemanha.

O mesmo deverá acontecer em 2025. Só que, de acordo com documentos da Comissão Europeia, até ao dia 4 de novembro, são muito poucos os construtores que mostraram intenções de agrupar as suas emissões com outro. A exceção foi o anúncio recente da Suzuki que se juntou à Volvo, com o construtor sueco a ser um dos poucos a prever ficar muito abaixo da meta que tinha de atingir.

Suzuki e Vitara dianteira
© Suzuki O Suzuki e Vitara é o primeiro elétrico da marca, mas o maior volume de vendas da marca na Europa continuarão a ser de modelos a combustão.

A Suzuki em 2020/2021 fazia parte do agrupamento que incluía a Toyota, a Mazda e a Honda, mas como a Toyota vende poucos elétricos, por isso decidiu reduzir os riscos e juntar-se aos suecos. A Volvo é dos poucos que têm conseguido aumentar bastante as vendas de elétricos.

O valor a pagar por um construtor a outro para o cálculo conjunto das emissões depende de cada um. O que é certo é que o custo será menor do que a multa que seria aplicada.

O que dizem os estudos?

O ICCT (International Council on Clean Transportation) elaborou um estudo onde concluiu que, dos 10 maiores construtores automóveis na Europa, apenas a Volvo não precisa de reduzir as suas emissões de CO2 para cumprir as metas de emissões para 2025. Já está bastante abaixo do limite.

A instituição diz, que para ficarem em cumprimento, os construtores precisam de aumentar a quota de elétricos, em média, 12 pontos percentuais comparando com 2023, ou seja, precisa de subir em média de 16% para 28%.

Os construtores com maior risco de incumprimento são a Volkswagen e a Ford, que necessitam de cortar as suas emissões em 21%. No campo oposto, BMW, Kia e Stellantis estão mais perto de cumprir, mas ainda precisam de reduzir as suas emissões entre 9% e 11%.

No estudo, o ICCT apresentou várias opções para ir de encontro às metas para 2025, entre elas seis agrupamentos de emissões hipotéticos: Kia-Hyundai, Mercedes-Stellantis, Toyota-Renault-Nissan-Mitsubishi, Volkswagen-Tesla e Volvo-Ford. Apesar dos resultados pouco positivos, o estudo concluiu que alcançar as metas para 2025 “é credível”.

“Se se agrupasse com a Tesla, a Volkswagen necessitaria de aumentar, no máximo, a quota de elétricos em oito pontos percentuais, ao invés de 17 pontos percentuais sozinha”.

ICCT

Até à data, já foram vários os construtores automóveis a mostrarem-se dispostos a agruparem-se para evitarem as multas de emissões, entre eles o Grupo Volkswagen e o Grupo Renault. Quaisquer futuros acordos devem ser concluídos até 31 de dezembro de 2025.

A alternativa a estes agrupamentos de emissões é algo drástica: cortar na produção de automóveis com motor a combustão. Uma solução que já foi avançada, por exemplo, pela Stellantis.

Fonte: ICCT e Automotive News Europe