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Carros a combustíveis sintéticos ganham apoio político de peso

Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia que procura a reeleição, decidiu apoiar a isenção para carros movidos a combustíveis sintéticos.

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© Porsche

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, manifestou o seu apoio à isenção para carros com motores a combustão que utilizem combustíveis sintéticos ou e-fuels.

Recordamos que os planos da União Europeia (UE) para 2035 querem que as emissões de CO2 dos automóveis novos à venda sejam zero. O que significa, logo à partida, que todos os automóveis novos à venda sejam 100% elétricos, banindo os com motor de combustão.

No entanto, em março de 2023, a Alemanha chegou a acordo com a UE, para que pudessem continuar a ser vendidos carros com motores de combustão, mas com uma ressalva. Estes podem apenas consumir combustíveis sintéticos neutros em carbono.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia desde 2019.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia desde 2019.

Ursula von der Leyen, que procura a reeleição como presidente da CE — votação será amanhã, dia 18 de julho —, decidiu apoiar esta proposta de isenção, que se assemelha à apresentada pelo Partido Popular Europeu, de centro-direita.

Esta posição de von der Leyen foi avançada por Pascal Canfin, presidente da comissão do ambiente do Parlamento Europeu na última legislatura e pertencente ao grupo político Renew, com quem a presidente da CE esteve reunida.

A presidente da CE considera que esta isenção poderia ser um “terreno de entendimento” para mitigar as preocupações dos legisladores de centro-direita relativamente à eliminação progressiva dos motores de combustão. Dito isto, o objetivo para 2035 continua a ser o mesmo: a indústria automóvel terá de eliminar totalmente as emissões de CO2.

Se esta medida pode ser vista como uma concessão política à direita, os grupos de esquerda poderão aceitá-la, pois não afeta o objetivo global de redução das emissões de carbono.

Um porta-voz de von der Leyen recusou-se a comentar à Bloomberg sobre estas declarações feitas à porta-fechada com grupos políticos.

Revisão em 2026

As metas traçadas para 2035 vão ser revistas em 2026, onde se fará uma avaliação de todo o processo e progresso feito. Desta revisão poderão surgir ajustes ao plano original ou ao calendário proposto.

Pascal Canfin diz que, apesar do acordo prévio para haver uma exceção aos carros com motores de combustão que utilizem combustíveis sintéticos, as negociações estagnaram.

“Mantemos o calendário e o objetivo, mas tornamos mais claro que é tecnologicamente neutro. Um carro com motor de combustão interna poderá continuar a ser vendido, desde que funcione a 100% com combustível sintético, que é 100% zero-carbono”.

Pascal Canfin, presidente da comissão de ambiente do PE

Esta exceção, no entanto, não significa que continue a haver uma oferta tão vasta de modelos com motores de combustão pós-2035.

O preço dos combustíveis sintéticos é significativamente superior ao dos convencionais. Poderá demorar muitos anos até terem um preço equivalente e competitivo, pelo que se prevê que os carros novos à venda a combustão deverão cingir-se aos de luxo e exóticos.

Fonte: Bloomberg