Notícias Porsche e Ferrari «unidas» pelos combustíveis sintéticos. Tudo o que pode mudar

Fim do motor de combustão?

Porsche e Ferrari «unidas» pelos combustíveis sintéticos. Tudo o que pode mudar

Porsche e Ferrari procuram uma exceção ao fim anunciado do motor de combustão interna em 2035, com o uso de combustíveis sintéticos.

Porsche 959 e Ferrari F40 de traseira
© Razão Automóvel

A Porsche e a Ferrari passaram a estar no centro da discussão sobre o fim do motor de combustão interna na União Europeia em 2035. A discussão «reacendeu» e já levou ao adiamento da votação final, que devia acontecer hoje, 7 de março.

Isto porque o que antes parecia certo — leia-se, a proibição da venda de automóveis novos com motores de combustão interna a partir de 2035 — passou a incerto nos últimos dias. Existe a forte possibilidade de a Alemanha, seguida da Itália, absterem-se na votação, o que poderá colocar em causa toda a proposta.

Porsche e Ferrari usadas como argumento

A Alemanha e a Itália, que são os países de origem de marcas como a Porsche e a Ferrari, querem que a futura legislação integre o uso de combustíveis sintéticos ou e-fuels, por terem o potencial de ser neutros em carbono.

O que, a acontecer, permitiria manter em produção modelos de ambas as marcas (e de outras, como a Lamborghini) com motores de combustão, afastando o cenário da eletrificação de ícones como o Porsche 911.

Tanto assim é, que há políticos a recorrerem aos exemplos destas marcas nas suas intervenções. Como foi o caso de Christian Lindner, Líder do Partido Democrático Liberal, que está contra o fim dos motores de combustão nos moldes atuais.

Porsche 911 GT3 com Guilherme Costa e combustível sintético
© Razão Automóvel Os combustíveis sintéticos, como o que vemos na imagem, podem significar um transição que nunca acontecerá.

Esta mudança de posição, tanto de Itália como da Alemanha — após terem concordado inicialmente com a proposta — está a agitar Bruxelas e a reabrir discussões à volta dos combustíveis sintéticos. E de forma mais geral, sobre o impacto económico e social da transição da Europa para as tecnologias verdes.

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Porsche e Ferrari não param os investimentos

Apesar deste hipotético volte-face, ninguém quer travar por completo a transição para os 100% elétricos. A Porsche espera que 80% das suas vendas em 2030 sejam 100% elétricos e a Ferrari irá revelar o seu primeiro modelo elétrico já em 2025.

Contudo, os dois construtores continuam a explorar outras vias para a neutralidade carbónica. Com a Porsche a ir tão longe ao ponto de tornar-se (em parte) produtora de combustíveis sintéticos. O fabricante alemão detém 12,5% da HIF Global, produtor de e-fuels, tendo já em operação uma fábrica-piloto em Haru Oni, no Chile.

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A Ferrari também está a canalizar recursos para a investigação não só de combustíveis sintéticos, como também de lubrificantes e líquidos de refrigeração que, de acordo com a marca italiana, “permitirá reduzir emissões ao mesmo tempo que preservamos a nossa herança”.

Ferrari Daytona SP3 em circuito, vista 3/4 frente
© Ferrari Ferrari Daytona SP3.

No caso do construtor de Maranello este investimento ganha ainda mais relevância devido à Fórmula 1 que, a partir de 2026, passará a usar combustíveis sintéticos.

Indústria em desacordo

Esta possível exceção ao fim do motor de combustão interna não tem, contudo, o apoio de toda a indústria.

Thomas Ingenlath, o diretor executivo da Polestar, foi mais longe e afirmou em entrevista que esta situação “é quase patética”. “A indústria e os políticos deveriam dar finalmente aquele sinal claro sobre a jornada a fazer”, rematou.

https://youtu.be/OZ-ssTfnr1c

No mesmo sentido, Roberto Vavassori, executivo da Brembo, afirmou que “a tendência de eletrificação da indústria automóvel é, hoje, uma espécie de comboio a todo o vapor. Poderá ser pior suspender ou adiar (a transição) devido aos enormes investimentos dos construtores automóveis”.

Fonte: Automotive News