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Grupo VW respira fundo. Números de 2024 caíram e 2025 não promete ser melhor

O Grupo Volkswagen apresentou os resultados de 2024 e foram piores que os de 2023, mas, por outro lado, reforçou as fundações para o futuro.

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© Volkswagen

Apesar de todos os obstáculos, os resultados do Grupo Volkswagen em 2024, apresentados hoje, estão longe de ser preocupantes. Sim, foram inferiores aos de 2023, mas os responsáveis do grupo asseguram que as decisões transformadoras tomadas o ano passado vão incrementar a robustez do grupo para enfrentar os próximos anos.

O ano de 2024 foi cheio de desafios, com diversas frentes de combate. Primeiro na China, mercado a que o grupo está muito exposto e onde teve uma quebra de vendas e quota de mercado.

Depois, na Europa, onde as vendas dos elétricos (à geral) contraíram, com o grupo a arriscar pagar 1,5 mil milhões de euros em multas por incumprimento das metas das emissões da União Europeia para 2025 — um cenário que, por agora, parece estar afastado devido ao Plano de Ação da Comissão Europeia.

Arno Antlitz, diretor financeiro (CFO) e de operações (COO) do Grupo Volkswagen durante a conferência de apresentação dos resultados de 2024

As tensões comerciais (sobretudo tarifas) e geopolíticas também cresceram ao longo do último ano, com os próprios responsáveis do grupo a não conseguirem dar uma resposta concreta sobre qual será o seu verdadeiro impacto durante este ano.

Num tom mais positivo, Oliver Blume, diretor-executivo do grupo, realçou a a parceria com a Rivian e a restruturação da CARIAD, a sua problemática divisão de software, e as restantes parcerias já firmadas anteriormente com a XPeng e a SAIC.

Oliver Blume, CEO do Grupo Volkawagen
© Niels Starnick / Bild am Sonntag Oliver Blume, CEO do Grupo Volkawagen

Apesar do elevado mediatismo gerado no final do ano passado, Blume referiu-se positivamente também ao acordo firmado com os sindicatos alemães na restruturação da Volkswagen.

Recordamos que foi acordado o encerramento de fábricas na Alemanha — inédito na história do construtor —, e a extinção progressiva de 35 mil postos de trabalho. Mas estas decisões difíceis são cruciais para incrementar a robustez de todo o grupo para os próximos anos.

Também foram mencionadas as mudanças nas estratégias de eletrificação total (ou quase total) das várias marcas do grupo e reinvestimento nos modelos a combustão — especialmente na Porsche. Mudanças que são vistas como fulcrais para garantir a flexibilidade de adaptação aos diferentes requisitos das várias regiões do mundo.

Tudo isto teve um impacto nos números e, contas feitas, ficaram abaixo dos de 2023.

Os números

O Grupo Volkswagen fechou 2024 com nove milhões de unidades vendidas, uma descida de 3,5% face a 2023 (9,3 milhões de unidades). Um valor que mantém o Grupo Volkswagen como o segundo maior do mundo, atrás da Toyota.

Apesar das vendas terem descido, a faturação cresceu 0,7%, de 322,2 mil milhões de euros em 2023 para os 324,6 mil milhões de euros em 2024. Contudo, o aumento da despesa foi ainda maior, o que fez cair a margem de lucro em 15,4%, para os 19,06 mil milhões de euros (22,5 mil milhões de euros em 2023).

Este resultado fez cair a margem de rentabilidade de 7,0% em 2023 para 5,9% em 2024.

Quais as previsões do Grupo Volkswagen para 2025?

O ano de 2025 no Grupo Volkswagen não promete diferir muito do de 2024. Continuam a haver muitos desafios e incertezas pela frente.

Nos desafios é imperativo aumentar a quota de venda de elétricos — e aumentar a capacidade de produção de baterias —, assim como continua a pairar a ameaça de custos acrescidos para ficar em conformidade com as metas de CO2.

Na América do Norte o lançamento da nova marca Scout vai ter um impacto nos custos de 2025, mas é na China que os problemas vão persistir. O Grupo Volkswagen está a prever que as vendas e a quota de mercado continue a descer em 2025. A recuperação, já a contar com o lançamento da nova geração de modelos feitos em parceria com a XPeng e SAIC, só deverá acontecer em 2026-27.

De forma mais positiva, o Grupo Volkswagen prevê lançar 30 novos modelos em 2025, espalhados por todas as suas marcas, mas o Olivier Blume destaca a nova geração de elétricos mais acessíveis (preços a rondar os 25 mil euros), cujo impacto real só vai ser sentido em 2026.

Indo aos números, o grupo alemão prevê um crescimento da receita, mas a margem de rentabilidade não deverá diferir da deste ano: entre 5,5% e 6,5%.

No entanto, as previsões avançadas pelo Grupo Volkswagen não têm ainda em conta as restrições que poderão advir de eventuais tarifas comerciais, especialmente nos EUA, e outras tensões geopolíticas.