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Resultados da Porsche caíram em 2024 e a culpa é da China

Os resultados da Porsche em 2024 foram excelentes em todo o mundo, exceto na China, o que arrastou todos os números que importam para baixo.

Porsche 911 Carrera 4 GTS, fremte
© Porsche

Soaram os alarmes em Estugarda. Depois de vários anos a crescer, com recordes sucessivos de vendas e lucros, o ano de 2024 teve um sabor agridoce para a Porsche.

Isto porque olhando para os números, o construtor alemão até bateu recordes de vendas em todas as regiões do mundo, à exceção de uma: China.

Aliás, a queda na China foi tão grande — vendas caíram 28%, o que equivale a 56 887 unidades face às 79 283 unidades vendidas em 2023 —, que anulou os ganhos nas restantes regiões, levando as vendas globais da Porsche recuarem 3% para as 310 718 unidades.

Oliver Blume, diretor-executivo da Porsche, e Jochen Breckner, diretor-financeiro.

A performance no mercado chinês acabou por arrastar para baixo todos os restantes indicadores hoje revelados na apresentação dos resultados financeiros de 2024 da Porsche: faturação, lucros e margens caíram face a 2023.

Os números

Apesar da queda global nas vendas ter sido de 3%, a faturação da Porsche caiu apenas 1,1% em 2024 em comparação com 2023 — desceu de 40,53 mil milhões para os 40,08 mil milhões. Este resultado foi conseguido de duas formas: maior número de modelos personalizados e novos modelos com melhor posicionamento de preço.

No entanto, o tombo nos lucros foi significativo. A Porsche declarou lucros operacionais de 5,6 mil milhões de euros em 2024, o que é 22,6% menos dos alcançados em 2023 (7,3 mil milhões).

Este resultado teve um impacto significativo na margem de rentabilidade, que caiu de uns excelentes 18%, para uns… ainda muito bons (quando comparado com a restante indústria) 14,1%.

“Em 2024, a Porsche provou que continua a ser altamente lucrativa mesmo nestes tempos desafiantes e financeiramente robusta”.

Dr. Jochen Breckner, diretor-financeiro da Porsche

Previsões para 2025

A queda e restruturação das operações na China, por um lado, e a adoção da eletrificação mais lenta que esperada, por outro, levou a Porsche a mudar a sua estratégia para os próximos anos, tendo anunciado já a extinção de 3900 postos de trabalho e o reinvestimento em modelos com motores a combustão.

A estratégia anterior de ter 80% das vendas globais em 2030 a provir apenas de modelos elétricos é vista por Oliver Blume, diretor-executivo da Porsche, hoje como “irrealista”.

Em 2024, as vendas de veículos eletrificados — híbridos plug-in e elétricos — correspondeu a 27% do total. Os 100% elétricos, por si só, foram apenas 12,7%. A expetativa da Porsche para 2025 é que a quota dos modelos eletrificados cresça para valores entre os 33%-35%. Se isolarmos os elétricos, a quota prevista é de 20% a 22%.

A Porsche já colocou de parte 800 milhões de euros adicionais para investimento em 2025, o que vai impactar negativamente os números do ano. E há outros fatores a considerar, que ainda não entraram nas contas, como as tensões geopolíticas e comerciais (tarifas que poderão chegar) crescentes.

Os números previstos para 2025 são, assim, inferiores aos conseguidos em 2024, sobretudo os relacionados com as vendas e a margem de rentabilidade. Esta deverá cair para um valor entre os 10% e 12% em 2025.

A longo prazo, Jochen Breckner, diretor-financeiro da Porsche, mantém a ambição de anos em alcançar margens de 20%, mas a médio prazo prevê que a margem se estabilize entre os 15% e 17%, devido às “condições persistentemente desafiantes”.