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“Pura especulação”. Tavares desmente ideia de fusão entre Stellantis e Renault

Apesar de Carlos Tavares, CEO da Stellantis negar os rumores de uma fusão com o Grupo Renault, estes continuam e já envolvem… a BMW.

A indústria automóvel europeia está a passar por um período conturbado — todos os grupos estão a rever as suas projeções em baixa —, tornando o terreno fértil em rumores e especulações. A fusão entre a Stellantis e o Grupo Renault tem sido um deles.

Este rumor não é novo, tendo surgido no início do ano. Recordamos que o Grupo Renault teve de dar um passo atrás nos planos que tinha para a entrada em bolsa da Ampere, a divisão de elétricos do grupo, muito por culpa do abrandamento da procura por elétricos que já se fazia sentir.

Ao mesmo tempo, o grupo francês reduzia a sua participação na Nissan, sua parceira na Aliança, ainda que tenham sido celebradas outras parcerias, como por exemplo, com a Geely para o desenvolvimento e produção de motores de combustão interna.

O futuro incerto, sobretudo o relacionado com a eletrificação, deu azo a rumores de uma possível fusão do Grupo Renault com outro grupo, na procura de maiores sinergias e economias de escala para manter os custos controlados.

O parceiro mais óbvio? A Stellantis. Na altura, John Elkann, presidente do grupo, foi rápido a calar esses rumores, mas voltaram recentemente a ressurgir.

O que mudou?

Agora é a Stellantis que passa por um período delicado. Os resultados do primeiro semestre ficaram bastante abaixo do previsto e as projeções até ao final de 2024 foram revistas em baixa.

FIAT 500e Giorgio Armani - vista lateral
© Fiat A Stellantis viu-se obrigada a suspender a produção do Fiat 500e por falta de procura.

Carlos Tavares, o diretor-executivo do grupo, tem estado, em particular, sob o intenso calor dos holofotes. Os resultados desapontantes do lado norte-americano da Stellantis; as vendas de elétricos a contrair na Europa; e as pressões políticas, especialmente vindas de Itália, não estão a dar descanso ao executivo português.

A situação da Stellantis e, especialmente, a relação delicada que vive de momento com o governo italiano, motivou o ressurgimento dos rumores de uma fusão com o Grupo Renault.

Tem sido, sobretudo, a imprensa italiana a alimentar esta possibilidade de fusão, como avança o jornal italiano First Online: “a ideia da fusão das duas empresas é criar um colosso europeu para enfrentar as armadilhas dos construtores americanos e chineses, derrubar a Toyota (japonesa) do topo do pódio dos fabricantes globais e ultrapassar a Volkswagen no topo dos europeus”.

Alguns media italianos vão ainda mais longe e avançam com uma fusão colossal a três: Stellantis, Grupo Renault e… Grupo BMW.

Luca de Meo, diretor executivo da Renault, no Salão de Genebra
© Event Photos Luca de Meo, CEO do Grupo Renault.

Como é que a BMW surge no meio disto? O jornal italiano Il Sole 24 Ore avança que no próximo dia 15 de outubro, Carlos Tavares, Luca de Meo (diretor-executivo do Grupo Renault) e, possivelmente, Oliver Zipse (diretor-executivo do Grupo BMW) vão estar juntos numa cimeira, reservada a alguma imprensa.

O Il Sole 24 Ore não tem informação sobre o que vai ser anunciado ou debatido, mas, compreensivelmente, tendo em conta os intervenientes, serviu de alimento aos rumores de fusão.

Temos de recordar que, em relação a este tema, Luca de Meo é apologista de criar uma Airbus dos automóveis, para fomentar as sinergias e economias de escala, reduzindo os custos.

Colocar água na fervura

A nível oficial só uma das partes envolvidas, a Stellantis, pela voz de Carlos Tavares, se pronunciou sinteticamente sobre a fusão: “pura especulação”.

Para mais, recordamos que, ao contrário de Luca de Meo, Tavares já se pronunciou contra a criação de uma Airbus dos automóveis. Ele realça os riscos dessa solução, nomeadamente a homogeneização excessiva das marcas, modelos e design, assim como uma potencial redução do nível de inovação devido a uma concorrência mais reduzida.

Carlos Tavares com Emmanuel Macron
t Carlos Tavares e Emmanuel Macron no Salão de Paris de 2022

Ainda assim, há outros atores que gostariam de seguir este rumo, nomeadamente alguns governos, como o francês, que detém participações tanto no Grupo Renault como na Stellantis.

Se as fusões têm sido historicamente essenciais para garantir a sobrevivência de múltiplos construtores automóveis, são também processos complexos e onerosos, sem considerar os problemas de gestão de muitas marcas em simultâneo: entre a Stellantis, Grupo Renault e Grupo BMW são 21 marcas no total.

Certamente nem todas sobreviveriam numa fusão desta dimensão. Por agora, não passa tudo de especulação. Ficaremos atentos aos desenvolvimentos nas próximas semanas, mas o cenário de fusão é oposto ao que temos visto acontecer nos últimos tempos.

A abordagem preferida por estes grupos industriais tem sido a de unir esforços em projetos específicos, como o Grupo BMW fez com a Toyota (tecnologia fuel cell, por exemplo) ou criar joint ventures, como as que a Stellantis criou com a Leapmotor, ou o Grupo Renault com a Geely (Horse).

Fonte: The Autopian

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