Notícias À conquista da China. Stellantis adquire 20% da Leapmotor

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À conquista da China. Stellantis adquire 20% da Leapmotor

A Stellantis quer uma presença mais sólida no maior mercado automóvel do mundo e a participação na Leapmotor é a solução para o conseguir.

Leapmotor C11 frente
© Leapmotor

Os resultados da Stellantis na China têm deixado muito a desejar, contrastando com a performance do grupo noutras partes do mundo. Apesar de estar presente no maior mercado automóvel, com a Citroën, Peugeot, DS ou Jeep, as vendas têm sido desapontantes.

Como que a dificultar o objetivo de se estabelecer solidamente no maior mercado automóvel do mundo, os construtores chineses, hoje mais estabelecidos, têm conseguido conquistar progressivamente terreno aos europeus, japoneses e americanos.

© Stellantis Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis, com Zhu-Jiangming, fundador e diretor executivo da Leapmotor

Foi necessário delinear uma nova estratégia, que culmina agora na aquisição de uma participação na Leapmotor, um construtor chinês ainda recente (fundado em 2015), mas que tem crescido e destacado-se pelas tecnologias desenvolvidas para veículos elétricos.

A Stellantis passa, assim, a deter 20% da Leapmotor, num negócio de 1,5 mil milhões de euros.

Carlos Tavares, o português que lidera a Stellantis, não podia ser mais pragmático sobre o negócio, em declarações à imprensa em Hangzhou, na China:

“Não temos sido bem sucedidos na China, por isso preferimos apoiar-nos num parceiro chinês. Para vencer na China é melhor vencer com uma empresa chinesa.”

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

Relembramos que, tal como outros construtores, a Stellantis tem várias joint ventures na China, entre as quais com a Dongfeng e com a GAC, que lidavam com a produção local de modelos da Jeep. Os resultados desapontantes dos últimos anos levaram à decisão de vender os ativos automóveis à primeira e terminar a parceria com a segunda.

Com a participação na Leapmotor, a Stellantis segue os passos do Grupo Volkswagen, que adquiriu, recentemente, uma participação na Xpeng. Ambos refletem um novo tipo de alianças com os construtores chineses, que são, cada vez mais, as referências em tecnologia para veículos elétricos.

Tavares esclarece a diferença desta aquisição para as joint ventures anteriores: “Nas parcerias anteriores a Stellantis não era a promotora do desenvolvimento das marcas chinesas fora da China. Se apostarmos no desenvolvimento da Leapmotor fora da China, a sua competitividade no mercado chinês também aumenta”.

Joint venture na Europa

Além da participação na Leapmotor, as duas empresas estabeleceram uma joint venture liderada pela Stellantis (51%/49%) na Europa, designada de Leapmotor International, sediada nos Países Baixos.

Esta joint venture dará à Stellantis os direitos exclusivos de exportação, venda e produção dos produtos da Leapmotor fora da China. As exportações dos modelos da Leapmotor para a Europa deverão começar no segundo semestre de 2024.

Foco nos elétricos

Previsivelmente, esta aquisição vai permitir o acesso à tecnologia elétrica da Leapmotor. O que ajudará a acelerar os planos de eletrificação da própria Stellantis delineados pelo plano Dare Forward 2030.

Dare Forward 2030
O Dare Forward 2030 implica um investimento superior a 50 mil milhões de euros ao longo da década, que culminará em 100% de vendas de automóveis elétricos na Europa e 50% nos EUA até 2030.

O destaque está no acesso à plataforma elétrica e eletrónica Four-Leaf Clover Leap 3.0, com tecnologia Cell-to-Chassis (bateria usada como elemento estrutural).

Não é a primeira vez que a mencionamos; no último mês de agosto a Volkswagen esteve em conversações com a Leapmotor para uma parceria tecnológica que lhe daria acesso à mesma plataforma.

Plataforma Four-Leaf Clover Leap 3.0
Plataforma Four-Leaf Clover Leap 3.0 usada na berlina Leapmotor C01

Entre as vantagens da arquitetura da Leapmotor está a capacidade de controlo central de todas as funções inteligentes do veículo, como as relacionadas com a condução autónoma ou as do cockpit. Além disso, consegue reduzir os custos em mais de 60 euros por veículo, graças à redução da quantidade de cabos e unidades de comando necessários.