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Stellantis critica UE e EUA: “Estamos a pôr a indústria em risco”

As tarifas nos EUA e as regras ambientais na UE estão a pôr em causa a indústria automóvel, avança John Elkann, presidente da Stellantis.

DS 3, Fiat 500 e Citroën C4
© Stellantis

A indústria automóvel da Europa e dos Estados Unidos da América (EUA) está sob ameaça — e não é por falta de avisos. Quem o diz é John Elkann, presidente e diretor-executivo interino da Stellantis, que não poupou críticas às regras de emissões “demasiado rígidas” da União Europeia (UE) e às tarifas “dolorosas” aplicadas nos EUA.

“As indústrias automóveis americana e europeia estão a ser colocadas em risco com o atual caminho de tarifas dolorosas e regulamentações excessivamente rígidas”, afirmou Elkann durante a assembleia anual de acionistas da Stellantis, a 14 de abril. A crítica não foi leve.

© Stellantis John Elkann, presidente e CEO interino da Stellantis (esquerda), com Olivier François, CEO da FIAT e Abarth, e diretor de marketing da Stellantis (direita).

O alerta surge num momento em que a concorrência da China está a crescer rapidamente. E pode, pela primeira vez, ultrapassar em vendas os mercados europeu e estadunidense. “Seria uma tragédia, pois a indústria automóvel é uma fonte de empregos, inovação e comunidades fortes”, sublinhou Elkann.

Pressão da eletrificação

Na Europa, as críticas centraram-se sobretudo na pressão da eletrificação. Elkann acusou a União Europeia de estar a impor “um caminho irrealista para a eletrificação, desconectado das realidades do mercado”.

E deu exemplos, como o fim abrupto dos incentivos à compra de elétricos em vários países que têm consequências imediatas nas vendas. Além disso, Elkann referiu-se também à rede de carregamento europeia que continua a ser “inadequada”.

Segundo Elkann, este contexto está a dificultar e a atrasar a transição energética do setor, precisamente numa altura em que essa mudança precisa de acontecer com mais coordenação do que nunca.

Tarifas americanas com peso acumulativo

Do outro lado do Atlântico, nos EUA, o presidente da Stellantis alerta que os fabricantes de automóveis estão a lidar com tarifas sucessivas que, no total, vão muito além dos 25% aplicados à importação de automóveis. Há também tarifas extra sobre o alumínio, o aço e as peças — uma espécie de efeito bola de neve que dificulta a produção.

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Dito isto, Elkann deixou uma nota (ligeiramente) positiva em referência às declarações de Donald Trump, presidente dos EUA, feitas no mesmo dia da assembleia de acionistas. Trump admitiu estar a ponderar aliviar as tarifas sobre os veículos e componentes importados do México, Canadá e outros países.

À procura de um novo CEO

Como se não bastasse tudo isto, a Stellantis ainda não resolveu a questão da sucessão de Carlos Tavares para liderar o grupo neste período turbulento.

John Elkann assumiu a pasta de diretor-executivo interino da Stellantis após a saída do executivo português no final do ano passado, enquanto procuram por um novo CEO.

Ainda não foi avançado um nome final, mas o mesmo será conhecido até ao final deste primeiro semestre. Elkann referiu que já reduziram a lista a cinco nomes.

Dois desses nomes já são conhecidos e são da casa: Antonio Filosa, o atual responsável pela operação norte-americana do grupo, e Maxime Picat, o atual chefe de compras. Os restantes três candidatos, ainda desconhecidos, são externos.