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Maior partido europeu pressiona Bruxelas para adiar fim dos motores a combustão

O Partido Popular Europeu está a pressionar Bruxelas a uma revisão das metas para 2035 mas também dos limites para os próximos anos.

Motor Porsche
© Razão Automóvel

O Partido Popular Europeu (PPE) está a liderar uma campanha para enfraquecer as principais políticas da União Europeia (UE) destinadas à redução de emissões de CO2 dos automóveis, segundo o rascunho de um documento obtido pela Reuters.

O PPE é o maior e mais antigo grupo político de Parlamento Europeu. Atualmente, a maioria dos 27 membros da nova Comissão Europeia pertence a este grupo, incluindo a presidente da Comissão, Ursula Von der Leyen.

Volkswagen Golf R 333 sistema de escape
© Volkswagen Já são muitos os construtores automóveis à apelar para a suavização das medidas.

Rever a proibição para 2035

No documento, o PPE argumenta que a proibição da venda de novos automóveis a combustão que emitam CO2 , a partir de 2035, “deve ser revertida”. O objetivo é que seja permitida a venda de automóveis que utilizem biocombustíveis ou outros combustíveis alternativos, como o GPL e o hidrogénio.

Além disto, o partido defende mudanças na lei para garantir um maior apoio aos híbridos plug-in, que têm sido vistos como uma solução para a falta de procura de elétricos.

Para viabilizar estas mudanças, o PPE sugere que Bruxelas realize uma revisão antecipada da política de 2035, já no próximo ano.

E os limites de emissões para 2025?

As exigências feitas pelo partido de centro-direita vêm adicionar ainda mais pressão sobre Bruxelas, que nas últimas semanas tem recebido vários pedidos dos construtores automóveis e dos governos para suavizar as medidas estabelecidas.

Para além do pedido de revisão das medidas para 2035, o PPE também mencionou no documento que os construtores automóveis deveriam ser protegidos do impacto das novas metas de emissões que vão entrar em vigor em 2025.

No próximo ano, a indústria automóvel terá de reduzir as suas emissões de CO2 em 15%, o que se traduz numa média de 93,6 g/km (WLTP). Atualmente, de 115,1 g/km (WLTP).

Luca de Meo, presidente da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), já veio afirmar que a atual política da UE significa potenciais multas no valor de 15 mil milhões de euros. O que, a confirmar-se, desviaria dinheiro dos investimentos que a indústria tem de fazer em soluções de descarbonização.

“Aqueles que estabeleceram as regras não forneceram as condições de mercado necessárias.”

Luca de Meo, presidente da ACEA

Segundo o presidente, as metas de emissões para 2025 são um problema que precisa de ser resolvido urgentemente, uma vez que são vários os construtores automóveis em risco de não conseguir cumprir com as metas.

O partido sugeriu, assim, atrasar as metas de emissões de 2025 para 2027, ou suavizar a forma como as emissões são contabilizadas.

Esta já não é a primeira vez que o PPE se terá pronunciado relativamente à «abolição» dos motores de combustão interna em 2035. Em janeiro deste ano, este já tinha expressado a intenção de rever esta política.

O PPE já demonstrou a capacidade de influenciar outras políticas na UE, entre elas as políticas verdes. No mês passado, a UE adiou por um ano a lei da desflorestação, após resistência do PPE.

Fonte: Reuters

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