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Volvo troca CEO atual por antigo. Afinal o que se passa?

Volvo Cars troca de CEO: Jim Rowan sai e Håkan Samuelsson regressa ao seu antigo cargo para reforçar a clareza do rumo da marca nórdica.

Volvo Cars CEO 2025 Hakan Samuelsson
© Volvo

A Volvo Cars acaba de anunciar o regresso de Håkan Samuelsson ao cargo de diretor-executivo. A mudança terá efeito já a partir de amanhã, dia 1 de abril, e terá uma duração de dois anos, antes de se encontrar um novo “maestro” para a marca nórdica. Samuelsson sucede a Jim Rowan, que liderava a empresa desde 2022 e que abandona igualmente o conselho de administração.

O regresso de Samuelsson marca uma viragem num momento delicado para o construtor sueco, que enfrenta diversos desafios comerciais e geopolíticos. Durante o seu mandato anterior, entre 2012 e 2022, Samuelsson conduziu a Volvo a máximos históricos em termos de vendas e rentabilidade.

Foi sob a liderança de Samuelsson que a marca abandonou os motores Diesel e abraçou a eletrificação, ainda antes da concorrência. Foi também nessa altura que os Volvo passaram a ter uma velocidade máxima limitada a 180 km/h. Além disso, foi ainda sob a batuta de Samuelsson que foi lançada a fábrica nos EUA e que a marca entrou em bolsa, em 2021.

Jim Rowan, Volvo EX30 Cross Country
© Volvo Jim Rowan afirma ter sido “um privilégio liderar a Volvo Cars e trabalhar em conjunto com uma equipa excecional”.

Jim Rowan, por seu lado, foi o responsável por acelerar a transição digital da Volvo e pela aposta numa estratégia centrada em software e conectividade.

No entanto, recentemente, acabou também por moderar a ambição elétrica da empresa, optando pelo prolongamento da oferta de sistemas híbridos. Uma decisão que foi justificada pela procura de veículos 100% elétricos abaixo das expectativas, assim como pelo contexto comercial tenso entre os EUA, Europa e China.

A Volvo foi afetada pelas tarifas europeias adicionais impostas aos elétricos produzidos na China — local de produção do EX30 —, e agora será também afetada pelas tarifas adicionais de 25% nos EUA. Mesmo com parte da sua produção a decorrer localmente, em Charleston.

A voz da experiência

A saída abrupta de Jim Rowan ainda deixa muitas questões por responder, mas segundo a Volvo, “num cenário de rápidas mudanças tecnológicas e de maior complexidade geopolítica, a empresa beneficiará de uma liderança com profundo conhecimento industrial e capacidade de execução comprovada”. Håkan Samuelsson, agora com 74 anos, foi considerado a escolha certa para este novo ciclo.

Eric Li, presidente da Geely Holding, elogiou o impacto transformador de Samuelsson na Volvo: “Revitalizou a marca, expandiu a sua presença global e conduziu com sucesso o processo de entrada em bolsa. Traz clareza estratégica e uma experiência industrial únicas dentro do grupo.”

O afastamento de Jim Rowan, no entanto, não implica uma quebra com a digitalização e a conectividade dos Volvo. Essa prioridade é para manter, mas com um foco renovado na sustentabilidade financeira e na adaptação a mercados regionais com exigências distintas.

Volvo XC60 MY26 - grelha frontal
© Volvo

Samuelsson regressa numa altura em que o setor automóvel enfrenta uma redefinição acelerada dos modelos de negócio. A sua missão será reposicionar a Volvo de forma competitiva, salvaguardando o legado da marca e garantindo a sua rentabilidade num ciclo económico instável.

“É uma honra regressar num momento tão decisivo para a Volvo Cars”, declarou Samuelsson. “Conheço bem os desafios e tenho total respeito pela complexidade desta fase que atravessamos.”