Notícias Von der Leyen abre caminho para futuro do motor de combustão. Mas há uma condição

Indústria

Von der Leyen abre caminho para futuro do motor de combustão. Mas há uma condição

A reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da CE traz mais certezas sobre o futuro dos motores de combustão interna pós-2035.

Combustíveis sintéticos
Amadeus Bramsiepe, KIT

Com a reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia (CE), o objetivo de acabar com as emissões de CO2 em 2035 dos automóveis novos não muda.

Isto significa que os automóveis novos a partir de 2035 terão de ter zero emissões de CO2. Contudo, a forma como essa meta vai ser atingida vai mudar.

Até há pouco tempo o único cenário considerado para o conseguir era apenas e só com automóveis 100% elétricos, banindo os motores de combustão interna dos automóveis novos. Nos próximos anos veremos uma abordagem diferente, como referido pela própria Ursula von der Leyen à imprensa, recentemente, em Estrasburgo:

“O fim dos motores endotérmicos em 2035 vai requerer uma abordagem tecnologicamente neutra, onde os combustíveis sintéticos e os elétricos terão possibilidades iguais. É importante para respeitar os objetivos e garantir a neutralidade tecnológica.”

Ursula von der Leyen, presidente da CE

Isto traduz-se na aceitação dos combustíveis sintéticos (e-fuels), que são considerados neutros em carbono, para atingir as metas de reduções de emissões nos automóveis em 2035.

Ursula von der Leyen discurso Comissão Europeia-2
© Comissão Europeia Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Essencialmente, Ursula von der Leyen está a dar aos motores de combustão interna uma nova vida para além de 2035, fazendo parte da solução e não do problema.

Mais questões do que respostas

Nas palavras de von der Leyen, manter a meta de 2035 para atingir as metas de redução das emissões dos automóveis é essencial para “criar previsibilidade para os investidores e construtores”. Contudo ainda há muitas questões por responder.

A revisão do plano original da CE está programada para 2026, sendo nessa altura que veremos ser adicionada uma emenda ao plano para incluir os combustíveis sintéticos. Para isso acontecer, no entanto, a Comissão Europeia terá de reavaliar a sustentabilidade ambiental dos combustíveis sintéticos antes de autorizar o seu uso.

Depois será preciso perceber como é que os combustíveis sintéticos serão introduzidos. A produção terá de crescer exponencialmente para garantir que o preço desce para níveis competitivos — o preço atual é excessivo.

Relacionado Presidente da CE reeleita. Zero emissões em 2035 são para manter?

Será que veremos uma mistura progressiva de combustíveis sintéticos aos combustíveis convencionais (fósseis) antes de os substituirem totalmente? Ou haverá pontos de venda exclusivos para combustíveis sintéticos?

Outra questão por responder é como é que será controlado o abastecimento dos automóveis novos de 2035 para a frente apenas com combustíveis sintéticos neutros em carbono. Vamos ainda ter de aguardar mais alguns anos para ver todas estas questões (e outras) respondidas.

O que parece certo é que o caminho para a neutralidade carbónica dos automóveis já não será feito apenas com veículos 100% elétricos.