Notícias CEO da DS Automobiles. “Chineses têm carros bonitos e tecnologia mas não têm história”

Entrevista

CEO da DS Automobiles. “Chineses têm carros bonitos e tecnologia mas não têm história”

O CEO da DS Automobiles, Olivier François, valoriza mais o fator diferenciador da sua marca premium do que a perseguição de volumes de vendas.

DS 7 frente
© DS Automobiles

Na apresentação da coleção Antoine de Saint Exupéry da DS Automobiles, em Paris, na qual estivemos presentes, o diretor executivo da marca, Olivier François, respondeu a questões sobre o futuro e as dificuldades que a marca enfrenta.

Participámos numa sessão na qual o diretor executivo da DS começou por reforçar que, enquanto marca premium, o seu principal objetivo é a satisfação dos clientes, em detrimento do volume vendido.

François justifica esta posição com o facto de apesar de vender menos, — cerca de 56 mil unidades em 2023 —, tendo em consideração os preços premium, obtém maiores margens por cada carro vendido.

Olivier François, diretor executivo da DS
© DS Automobiles Olivier François, diretor executivo da DS na apresentação da Coleção Antoine de Saint Exupéry.

O objetivo da DS Automobiles não é, por isso, ser uma marca generalista, onde os volumes de vendas ganham mais importância, mas sim destacar-se enquanto marca premium. Quer “ser a Louis Vuitton ou a Dior dos carros”.

“Chama-se premium, porque o preço é premium. Nós sabemos que vamos vender menos que o mainstream, mas vamos ter melhores margens e vamos estar a satisfazer um cliente mais exigente em termos de performance, estética e serviço.”

Olivier François, CEO da DS Automobiles

Deste modo, “a DS não precisa de vender muito, precisa de vender o suficiente para o negócio sobreviver”.

Ainda sobre o número baixo de unidades vendidas no ano passado, o diretor executivo justificou com o facto de não ter sido lançado nenhum modelo novo em 2023.

“Eu não preciso de conquistar o mundo, eu só quero vender alguns milhares de carros todos os anos”.

Olivier François, CEO da DS Automobiles

Porém este ano promete uma mudança, com o lançamento, previsto já para junho, do DS 4 elétrico, com François a apontar para uma autonomia de cerca de 450 km, mas as novidades não se ficam por aqui.

Dianteira DS 4 3/4
© DS Automobiles DS 4

A marca francesa vai ampliar a sua gama com um novo 100% elétrico, que promete autonomias de até 700 km, baseada na «nova» plataforma STLA Medium, a mesma que foi estreada pela nova geração do Peugeot 3008.

Foco na diferença

Para além disto, Olivier François reforçou que parte da sobrevivência das marcas topo de gama está relacionada com a constante inovação, sendo “importante que o cliente olhe para a marca e diga que gosta”.

O diretor executivo introduziu ainda o conceito de “Premiumness”, que identifica como essencial para uma marca sobreviver. Para alcançar um bom nível de “Premiumness”, François diz que as marcas precisam de se destacar, ter uma narrativa única e manter os clientes satisfeitos.

Receios

Assim, François, apesar de admitir que a eletrificação é um dos maiores pesadelos dos atuais fabricantes automóveis, enfrenta esta tecnologia como algo inevitável que chegará à DS de forma gradual. Relembramos que a marca francesa pretende ser totalmente elétrica a partir de 2027, com os novos modelos lançados a partir deste ano a serem apenas e só elétricos.

Por outro lado, quando questionado em relação à «invasão chinesa», este admite que, apesar de ser uma ameaça real, “os chineses têm carros bonitos e toda a tecnologia do mundo, mas não têm a reputação e a história”.

Olivier François reconhece que os construtores chineses vão causar “estragos”, mas também acredita que uma das formas de atenuar o embate, é “aproveitar o que temos e que eles não têm, para nos destacarmos”.

Por fim, Olivier François mostrou-se satisfeito com os resultados da DS Automobiles e garantiu que o modelo de negócio está saudável. O objetivo para a frente é manter o volume de vendas, ou aumentá-lo, com as próximas novidades da marca.

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