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Futuro da McLaren cheio de híbridos e SUV em discussão

Novos tempos avizinham-se na McLaren com um novo CEO e novos modelos eletrificados… E a possibilidade SUV ganha tração.

McLaren Artura frente

A McLaren lançou o híbrido plug-in Artura — que já conduzimos —, e tem um novo diretor executivo, Michael Leiters, que veio da arquirrival Ferrari.

Dois importantes marcos que são como um «pontapé de saída» para uma desejada recuperação de uma crise provocada, em grande parte, pela pandemia do covid-19.

A McLaren Automotive, porventura por ser um pequeno fabricante independente foi um dos construtores automóveis mais afetados. Do ano recorde de 2019 em termos de vendas globais (4662 carros matriculados) caiu para quase um terço desse volume em 2020 (1659 unidades) e acumulou 900 milhões de euros de prejuízos, tendo registado apenas uma pequena recuperação no ano transato.

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McLaren Solus GT no relvado de Monterey Car Week
O Solus GT é o modelo mais recente revelado pela McLaren. Um monolugar carenado só para circuitos, com um V10 naturalmente aspirado.

As ondas de choque foram imediatas, com a venda de 33% das ações da equipa de Fórmula 1, a dispensa de 25% da força laboral da empresa (nada menos que 1200 pessoas) e até a venda do quartel-general em Woking (Inglaterra) e imediato aluguer das mesmas para utilização própria.

Houve ainda uma capitalização junto dos acionistas principais (com destaque para o fundo da Arábia Saudita) e, já no último trimestre de 2021, foi demitido o diretor executivo da empresa, Mike Flewitt, que estava há 10 anos no cargo.

Momento de virar a página

A estratégia para a recuperação — plano de negócio anterior abrangia o período 2015-22 — está neste momento a ser delineada já com o novo diretor executivo, Michael Leiters que entrou em funções a 1 de julho de 2022.

Michael Leiters, CEO McLaren
Michael Leiters, o novo CEO da McLaren.

E o novo «patrão» da McLaren Automotive não podia vir do mais improvável dos locais: a arquirrival Ferrari.

Leiters, na Ferrari, era o seu diretor técnico, tendo desenvolvido os primeiros híbridos de produção em série da marca do cavallino rampanteSF90 Stradale de 2019 e o 296 GTB que agora chegou ao mercado.

Essas suas valências serão provavelmente úteis para expandir o seu papel de líder da McLaren para áreas que normalmente não lhe diriam respeito, mas este é precisamente o momento de eletrificar a gama de modelos da McLaren — uma missão que estará terminada em 2026, de acordo com o plano atual —, a começar precisamente pelo Artura.

Mas já se fala mais à frente na McLaren e, além da eletrificação, está em «cima da mesa» a discussão da adição de um novo modelo, provavelmente um SUV.

Híbridos sim, elétricos só a longo prazo

O Artura é o primeiro híbrido plug-in de produção da marca — se não contarmos com os limitados P1 e Speedtail — e uma nova geração de modelos eletrificados irá seguir-lhe.

McLaren Speedtail lado
McLaren Speedtail. Híbrido e o primeiro da marca a ultrapassar os 400 km/h.

Mas estes deverão continuar a ser híbridos e não elétricos, como Leiters diz em entrevista à Autocar: “Para os supercarros, penso que a tecnologia de puros elétricos a bateria ainda não está lá”.

O diretor executivo da McLaren «aponta o dedo» às muitas centenas de quilos a mais que um elétrico tem — a McLaren distingue-se pelos seus modelos que costumam ser os mais leves na sua classe —, e que tem um forte impacto na autonomia.

Não quer dizer que os elétricos não venham a acontecer na McLaren, mas Leiters vê-os chegar mais longe no tempo e por isso ele realça a importância dos motores de combustão no futuro, “especialmente no nosso segmento”. E espera que o “quadro regulamentar permita-nos continuar o negócio neste nicho”.

SUV? Também tu, McLaren?

Devem-se contar pelos dedos de uma mão as marcas que hoje não têm um SUV ou um crossover — até a Ferrari prepara-se para lançar um este ano —, e a McLaren é uma delas.

Independentemente da opinião de cada um, inegável é o facto do impacto que um SUV tem nas contas destas empresas — veja-se os casos mais recentes da Aston Martin e Lamborghini, por exemplo.

E Michael Leiters traz com ele a devida experiência. Não foi só responsável pelo desenvolvimento do Purosangue na Ferrari, como também esteve envolvido no desenvolvimento do Cayenne, quando trabalhou na Porsche.

"Desenvolvi um SUV na Ferrari. Desenvolvi um SUV na Porsche. Por isso, adoro SUV."

Michael Leiters, diretor executivo da McLaren Automotive

Só que apesar do seu currículo, por enquanto Leiters não confirma se a McLaren terá efetivamente um SUV na gama, como disse à Autocar: “O que temos de entender como McLaren é como encontramos um produto que esteja em linha com o nosso ADN? Não devemos fazer um SUV clássico. E para ser muito honesto, não decidimos ainda se o vamos fazer ou não e não temos uma ideia clara“.

“Por isso, ainda estamos no início, que novos segmentos de mercado podemos perseguir e que conceitos de produtos poderemos usar para conquistar novas oportunidades de negócio. Não é apenas o SUV; podem haver outros”, remata Leiters.

O que é certo é que deverá ser algo bastante distinto da oferta a que estamos habituados na McLaren que, reconhece Leiters, é muito similar e carece de maior diferenciação. Por isso diz que “se vamos para novos segmentos, deveríamos garantir que estes são claramente distintos dos nossos segmentos atuais.”

Fonte: Autocar