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Relatório diz que a China dominará um terço do mercado até 2030

A China é uma ameaça cada vez maior. Segundo um relatório revelado pela AlixPartners a indústria automóvel precisa de se reinventar.

XPeng G9 frente
© XPeng

De acordo com um relatório elaborado pela AlixPartners, as previsões existentes mostram que até ao ano 2030, um terço do mercado automóvel pertença a veículos provenientes da China.

Até 2030, a China deverá tornar-se numa força dominante, com números em torno das nove milhões de unidades comercializadas fora da China e com uma quota global de mercado de até 33%.

Este crescimento justifica-se, segundo a mesma fonte, a vários fatores, nomeadamente: vantagens nos custos, estratégias de produção localizadas que permitem uma estratégia built-where-you-sell (contrói onde se vende) nos mercados não chineses, mas também graças a uma gama de veículos mais tecnológicos, que satisfazem as necessidades/preferências dos consumidores.

NIO EL6 traseira
© NIO

Além de tudo isto, o relatório prevê ainda que os veículos novas energias (NEV), representem até cerca de metade do mercado global até ao final desta década. Em grande parte, um valor que se justifica pela crescente procura de veículos equipados com sistemas híbridos plug-in, em paralelo com o decréscimo da procura de veículos com motor de combustão, pelo menos, em cerca de 40%.

“A China é o novo disruptor da indústria, capaz de criar veículos imprescindíveis que são mais rápidos de comercializar, mais baratos de comprar, mais avançados em termos de tecnologia e design, e mais eficientes de construir.”

Mark Wakefield, co-líder da prática automóvel e industrial na AlixPartners

Por tudo isto, Andrew Bergbaum, co-líder da prática automóvel e industrial na AlixPartners, apela a uma reinvenção urgente do modelo de funcionamento atual da indústria automóvel.

Os “construtores de automóveis que estão à espera de continuar a operar sobre a mesma forma de negócio estão a ‘pôr-se a jeito’ para mais do que uma ‘chapada de luva branca’ — estão a caminhar para a obsolescência”, afirma Bergbaum.

“Com a aceleração de várias forças transformadoras, os fabricantes automóveis têm de estar, sobretudo, dispostos a mudar a sua abordagem, desde a forma como um veículo é concebido até à forma como as receitas são obtidas ao longo da sua vida útil.”

Andrew Bergbaum, co-líder global da prática automóvel e industrial na AlixPartners

Para além dos fatores acima mencionados, o relatório refere ainda uma outra problemática, que não é tão mencionada: o facto de os fornecedores de componentes para automóveis — atualmente atrás dos construtores do que diz respeito a margens de lucro —, poderem ganhar vantagem. Tudo graças a uma potencial guerra de preços e a uma procura de capacidades elétricas e de software mais avançadas para os veículos.

China vs. Europa

O relatório elaborado pela AlixPartners analisou também o modelo de negócio da China, salientando algumas das características que tornam este país numa ameaça. Entre elas o facto de os construtores de automóveis chineses demorarem (em média) metade do tempo dos outros construtores a desenvolver os seus automóveis.

Enquanto os fabricantes não-chineses necessitam de cerca de 40 meses para desenvolver um novo veículo, os construtores chineses fazem-no em apenas 20 meses. A diferença justifica-se, essencialmente, pelo facto de as marcas chinesas se focarem “na conceção e nos testes, ao invés de uma engenharia excessiva”.

Além disso, os construtores de automóveis chineses usufruem ainda da vantagem Made in China, que representa um ganho em termos de custos de produção na ordem dos 35%, o que lhe permite ter uma margem confortável para reduzir os preços.

Foco no presente

O relatório em questão fez também uma leitura face ao que podemos aguardar do mercado automóvel em 2024. Assim, espera-se que as vendas na Europa cresçam cerca de 2%, sendo que em termos marginais, estas deverão crescer 1% até ao ano 2027.

Já no que diz respeito ao mercado automóvel na China, o relatório mostra que este deverá crescer 4,7% este ano, alcançando os 26,7 milhões de veículos. Um número que deverá exceder as 32 milhões de unidades até 2030. E destas, cerca de 70% deverão ser comercializadas por marcas chineses.

Espera-se ainda que os NEV cresçam (globalmente) cerca de 32% este ano, sendo que a quota de mercado prevista até ao ano 2030 ascenda aos 45%. Até lá, no entanto, são os automóveis com motor de combustão que continuam a liderar as vendas, uma vez que os veículos elétricos ainda têm um custo de produção bastante superior (cerca de 85%).

Fonte: AlixPartners

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