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A partir de hoje estes carros feitos na China pagam tarifas de até 45,3% na UE

As marcas e os modelos que a partir de hoje serão afetados pelas tarifas de importação.

BYD Seal-U - 3/4 de frente
© BYD

A Comissão Europeia vai oficialmente impor tarifas de até 35,3% aos elétricos (adicionados aos 10% que já estavam em vigor) produzidos na China, e o Governo chinês já reagiu. Em causa está a acusação de concorrência desleal de Pequim, que Bruxelas acusa de financiar e de consequentemente fazer baixar artificialmente os preços dos carros elétricos produzidos naquele país.

O Ministério do Comércio chinês pronunciou-se em comunicado sobre estas medidas, afirmando “que não concorda nem aceita a decisão”. Nesta comunicação, acrescentam ainda que “a China vai continuar a tomar todas as medidas necessárias para salvaguardar os direitos e interesses legítimos das suas empresas”.

Apesar da Comissão Europeia ter avançado com a implementação das tarifas, está ainda em negociações com a China à procura de uma resposta. “A UE e a China continuam a trabalhar arduamente para encontrar uma solução alternativa e mutuamente aceitável”, afirmou o porta-voz da Comissão, Olof Gill.

Nos últimos tempos têm sido várias a tentativas de entendimento, mas não tem sido fácil, com Bruxelas a recusar todas as propostas.

“Atualmente, as equipas técnicas de ambos os lados estão juntas numa nova «rodada» de negociações. Esperamos encontrar uma solução mutuamente aceitável o mais rapidamente possível e evitar um agravamento dos conflitos comerciais.”

Ministério do Comércio chinês

Quando entram em vigor?

As tarifas deverão ser aplicadas a partir de hoje, 30 de outubro, e manter-se-ão em vigor durante os próximos cinco anos. De acordo com o anunciado pelo porta-voz da instituição: “A Comissão Europeia adotou hoje direitos de compensação definitivos sobre as importações de veículos elétricos a bateria provenientes da China por um período de cinco anos”.

As tarifas impostas não são iguais para todos os fabricantes de automóveis, sendo que àqueles que não cooperaram com a investigação da UE, será aplicada a taxa máxima. Os que cooperaram terão taxas mais reduzidas. Estes são os novos valores, aos quais acrescem os 10% atualmente em vigor:

GruposMarcas/ModelosTaxa
AiwaysAiways (todos)20,7%
BMW-BrillianceBMW iX320,7%
BMW-Great Wall MotorsMini Cooper e Aceman35,3%
BYDBYD (todos);
Denza (todos)
17%
ChanganAvatr (todos)20,7%
CheryOmoda (todos)20,7%
DongfengDacia Spring (joint venture Renault);
Forthing (todos);
Seres (todos);
Voyah (todos)
20,7%
FAWHongqi (todos);20,7%
GeelyLynk & Co (todos);
Lotus Eletre e Emeya;
Polestar (todos);
Smart (todos);
Volvo EX30;
Zeekr (todos)
18,8%
Great Wall MotorsGWM (todos)20,7%
LeapmotorLeapmotor (todos)20,7%
NIO NIO (todos)20,7%
SAICMG (todos);
Maxus (todos)
35,3%
TeslaModel 37,8%
Volkswagen-JACCUPRA Tavascan35,3%
XPengXPeng (todos)20,7%

A UE não é a primeira a avançar com tarifas de importação aos elétricos produzidos na China. Tanto os EUA como o Canadá anunciaram tarifas de 100%.

Um caminho sinuoso

Embora a CE tenha avançado com a implementação das tarifas, a realidade é que esta decisão esteve longe de ter sido consensual. Dos 27 Estados-Membros, cinco votaram contra, 10 votaram a favor e 12 abstiveram-se (incluindo Portugal).

Os receios de uma retaliação comercial por parte do gigante asiático — que já tinha ameaçado responder na mesma moeda caso as tarifas avançassem —, são uma das principais razões por detrás do elevado número de abstenções, refletindo também as dúvidas sobre qual a melhor abordagem para estas questões comerciais.

Em resposta à aprovação das tarifas de importação sobre os carros elétricos importados da China, o governo chinês anunciou tarifas anti-dumping temporárias sobre as importações de conhaque da UE, que atingem marcas francesas como a Hennessy e a Rémy Martin.

Isto é, no entanto, apenas a «ponta do icebergue». A China poderá responder ao agravamento das tarifas de importação europeias dos carros elétricos que produz, penalizando as exportações da UE no setor alimentar, que teme um aumento das taxas aduaneiras sobre os seus produtos.