Notícias Sem acordo. Europa avança com taxas adicionais aos elétricos “made in China”

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Sem acordo. Europa avança com taxas adicionais aos elétricos “made in China”

Depois de nove meses de investigação, a CE confirmou que vai mesmo avançar com tarifas adicionais de importação aos automóveis elétricos feitos na China.

produção do BYD ATTO3
© BYD

Confirma-se. Depois de várias semanas atribuladas, a Comissão Europeia (CE) confirmou hoje que vai mesmo avançar com um agravamento das tarifas de importação aos automóveis elétricos produzidos na China.

De acordo com a CE, a indústria automóvel está a ser “fortemente subsidiada na China e as importações de veículos eléctricos chineses representam uma ameaça de prejuízo previsível e iminente para a indústria da UE”.

Assim, depois de nove meses de investigação, as tarifas provisórias vão entrar em vigor já a partir de amanhã, dia 5 de julho, durante pelo menos os próximos quatro meses (a investigação só terminará em novembro).

BMW iX3 2022
Não são apenas os elétricos de marcas chinesas que vão ser afetados. O BMW iX3 é produzido na China e, por isso, também será um dos modelos penalizados.

Durante este tempo, os Estados-membros serão convidados a votar as tarifas finais até ao próximo dia 2 de novembro.

Tarifas mais baixas

As tarifas de importação previamente anunciadas foram, entretanto, revistas em baixa, ainda que muito ligeiramente. Se antes iam até aos 38,1%, agora a taxa máxima fixa-se nos 37,6%. Convém recordar que esta taxa será sobreposta à de 10% já existente. Ou seja, poderá haver modelos elétricos “made in China” que poderão ser taxados até 47,6%.

Recorde que as tarifas impostas não são iguais para todos os fabricantes automóveis, sendo que aqueles que não cooperaram com a investigação da UE será aplicada a taxa máxima e aqueles que cooperaram terão taxas mais reduzidas. Conheça os novos valores:

GruposMarcas/ModelosTaxa
AiwaysAiways (todos)20,8%
BMW-BrillianceBMW iX320,8%
BMW-Great Wall MotorsMini Cooper e Aceman?*
BYDBYD (todos);
Denza (todos)
17,4%
ChanganAvatr (todos)20,8%
CheryOmoda (todos)20,8%
DongfengDacia Spring (joint venture Renault);
Forthing (todos);
Seres (todos);
Voyah (todos)
20,8%
FAWHongqi (todos);20,8%
GeelyLynk & Co (todos);
Lotus Eletre e Emeya;
Polestar (todos);
Smart (todos);
Volvo EX30 e EX90;
Zeekr (todos)
19,9%
Great Wall MotorsGWM (todos)20,8%
LeapmotorLeapmotor (todos)20,8%
NIO NIO (todos)20,8%
SAICMG (todos);
Maxus (todos)
37,6%
TeslaModel 320,8%
Volkswagen-JACCUPRA Tavascan37,6%
XPengXPeng (todos)20,8%
?* — No caso dos Mini elétricos produzidos na China ainda não é totalmente claro se serão abrangidos pelos 20,8% aplicados à Great Wall Motors ou se será aplicada a taxa máxima à joint venture com a BMW

Apenas a BYD manteve a taxa inicial de 17,4%. A Tesla, por sua vez, depois de um “pedido justificado” deverá receber, na fase definitiva, uma tarifa calculada individualmente.

E agora?

De acordo com avançado pela CE, “as negociações com o governo chinês têm intensificado nas últimas semanas”, depois de uma conversa entre Valdis Dombrovskis, comissário europeu, e Wang Wentao, ministro do comércio chinês.

Porém, as partes ainda não chegaram a um entendimento, e se a China se mostrou positiva em relação ao cancelamento da aplicação das novas taxas de importação ainda antes de 4 de julho, o caso agora parece ser outro.

Caso a UE e a China não cheguem a acordo nos próximos meses, o país asiático ameaça avançar com medidas retaliatórias. Entre essas medidas estão a a intenção de penalizar as exportações da UE no setor alimentar, nomeadamente em relação aos produtos lácteos e de carne de porco.

E os construtores automóveis chineses já começaram a fazer pressão sobre o seu governo para aumentar as tarifas de importação sobre os carros europeus com motores a gasolina.

Recorde: Marcas chinesas querem medidas contra tarifas europeias. Saiba quais

De acordo com a Bloomberg, Pequim procura transformar a investigação europeia numa negociação, sendo que tem tentado dividir os Estados-membros pressionando-os bilateralmente. Até agora, a Alemanha foi um dos países que já se opôs a estas tarifas.

Da mesma forma, têm sido vários os construtores automóveis europeus que estão contra estas tarifas, como a Mercedes-Benz e o Grupo Volkswagen. Recordamos que a Mercedes-Benz, BMW e o Grupo Volkwswagen têm na China um dos seus maiores mercados.