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EUA preparados para banir carros chineses. Donald Trump tem duas opções

Donald Trump toma posse esta segunda-feira e vai encontrar na sua secretária uma pasta: deve banir ou não os carros chineses dos EUA?

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© Facebook Donald Trump

Ao que parece, a indústria automóvel já não é apenas uma questão de mobilidade, desde que “se tornaram computadores com rodas”. São também uma questão de segurança nacional.

A expressão é da administração da Joe Biden, o Presidente cessante dos EUA que esta segunda-feira termina o mandato na Casa Branca dando lugar, novamente, a Donald Trump.

Entre as várias pastas que ficaram preparadas na mesa do 47.º Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, há uma especialmente importante para a indústria automóvel. Uma semana semana antes do término do mandato, a administração de Biden deixou tudo preparado para banir os carros chineses do mercado norte-americano.

“É muito importante. Não queremos dois milhões de carros chineses por aí e só depois perceber… ok, temos uma ameaça”, afirmou a Secretária do Departamento de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, numa entrevista cedida à agência Reuters, apontando preocupações com a segurança nacional.

O que está em cima da mesa?

Após tomar posse esta segunda-feira, o executivo de Donald Trump encontrará na Casa Branca um dossiê preparado pelo Departamento de Comércio dos EUA, que propõe uma proibição de software e hardware chineses em veículos conectados nas estradas americanas.

Este documento sugere que as proibições de software chinês entrem em vigor em 2027 e as proibições relativas a hardware entram em vigor em 2029. Estas proibições prevêem ainda a proibição das marcas chinesas testarem carros autónomos em estradas norte-americanas.

BYD Seal
© BYD Europe Recordamos que atualmente os carros chineses já têm tarifas de 100% nos EUA, uma medida aplicada em 2024 pelo agora ex-Presidente Joe Biden e que travou a ofensiva de marcas chinesas no mercado norte-americano.

A decisão final caberá agora à administração de Donald Trump, que poderá optar por dois caminhos: aprovar estas medidas de interdição ou aceitar a entrada de software e hardware chinês nos EUA desde que a produção dos automóveis seja feita em solo americano.

Foi precisamente isso que Donald Trump afirmou em entrevista à Reuters antes das eleições: “Vamos dar incentivos. Se a China ou outros países quiserem vir para os EUA com o intuito de vender carros, vão ter de construir fábricas aqui e de contratar os nossos trabalhadores”. Caso contrário, aplicará tarifas de forma a que torne insustentável a sua comercialização.

Estado de alerta geral

Não são apenas as marcas chinesas que estão em estado de alerta. A Ford, que detém produção na China, e a Tesla que também tem na China um dos seus principais mercados, podem ser apanhadas neste «fogo cruzado», como noticiamos há alguns meses.

Do lado europeu, também existe apreensão. Ao contrário das marcas chinesas, as marcas de automóveis alemãs nos EUA têm um forte reconhecimento, são respeitadas e muito lucrativas. A possibilidade de tarifas adicionais é algo que marcas europeias como a Volkswagen, Mercedes-Benz, Porsche e BMW querem evitar a todo o custo.

Tudo indica que poderá ser uma repetição da tensão que se viveu em 2016, quando se negociaram os termos do acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), também com o então Presidente Donald Trump na Casa Branca.

Este acordo de comércio é negociado de 10 em 10 anos e, na altura, as marcas europeias conseguiram evitar tarifas de importação com o anúncio de novas fábricas e de fortes investimentos nos EUA.