Notícias Mercado europeu caiu em 2021, mas houve marcas que «fintaram» a crise

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Mercado europeu caiu em 2021, mas houve marcas que «fintaram» a crise

Num ano marcado pela crise dos semicondutores, a Toyota e a Hyundai «contornaram» a crise e cresceram bastante no mercado europeu em 2021.

Toyota Yaris Cross

Depois de um 2020 para esquecer por conta da pandemia, esperava-se que 2021 trouxesse boas notícias ao mercado automóvel europeu diz respeito.

Infelizmente, e como que a confirmar a «Lei de Murphy» que dita que “se alguma coisa pode correr mal, vai correr mal”, 2021 não foi um ano de recuperação, ficando até abaixo de 2020, que já tinha sido marcado por recordes negativos.

Segundo os dados divulgados pela ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), as vendas na Europa caíram 1,9% face a 2020, com um total de 10 600 419 automóveis matriculados.

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Se nos concentrarmos nos números correspondentes às vendas na União Europeia o cenário agrava-se, com a quebra a fixar-se nos 2,4% (9 700 192 unidades).

Os «suspeitos do costume»

Na base desta quebra de vendas estão duas crises que estão longe de ser novidade: a provocada pela pandemia mas, acima de tudo, a nova crise que está a afetar ainda mais a indústria automóvel: a escassez de semicondutores (aka «a crise dos chips»).

É que se o primeiro problema afastou as pessoas dos concessionários, o segundo tem limitado o número de automóveis que podem ser produzidos, fazendo com que muitas marcas não conseguissem ter automóveis novos para entregar aos clientes.

Transistor
A escassez de chips veio atrasar a muito desejada recuperação do mercado automóvel europeu.

«Fintar» a crise

Apesar de ser um problema transversal a toda a indústria, a escassez de semicondutores não afetou as marcas de igual maneira. Prova disso são os números alcançados pela Toyota e pela Hyundai que conseguiram «fintar» a crise durante grande parte do ano.

A Toyota fixou-se, assim, no terceiro lugar entre as marcas mais vendidas na Europa em 2021, com 712 574 unidades vendidas e um crescimento de 10,2% face a 2020, ano no qual tinha ficado no sexto lugar.

Toyota Yaris Cross
A chegada do Yaris Cross permitiu à Toyota ganhar vendas no segmento B-SUV e veio ajudar a marca nipónica a crescer no mercado europeu. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Já a Hyundai conseguiu um impressionante crescimento de quase 22% (21,6% para sermos exatos), com as 515 886 unidades registadas em solo europeu a assegurarem-lhe o 10.º lugar na tabela de vendas europeia e uma quota de mercado de 4,4% (em 2020 era de 3,5%).

Contudo, as duas marcas asiáticas — e uma europeia, a BMW — são a exceção à «regra»: todas as restantes marcas presentes no Top-10 europeu viram as vendas decrescer face a 2020.

A Volkswagen manteve o primeiro lugar com 1 274 137 unidades, mas viu as vendas descerem 6% e a Peugeot, a segunda classificada, perdeu 2,3% face a 2020. Ainda no Top-10, a Renault e a Ford foram as marcas que mais «sofreram» em 2021.

A marca gaulesa que em 2020 tinha sido a segunda marca mais vendida, caiu para o quinto lugar com 678 736 unidades vendidas e uma quebra de 17%.

A Ford fixou no 9.º lugar da tabela de vendas (tinha sido a 5.ª mais vendida em 2020) com as 523 970 unidades vendidas no mercado europeu em 2021 a corresponderem a um decréscimo de 19% face a 2020.

Marca Vendas Variação (2020) Quota
Volkswagen 1 274 137 -6,2% 10,8%
Peugeot 724 383 -2,3% 6,2%
Toyota 712 574 +10,2% 6,1%
BMW 682 895 +1,2% 5,8%
Renault 678 736 -17,1% 5,8%
Mercedes-Benz 642 948 -12,5% 5,5%
Audi 597 428 -0,5% 5,1%
Skoda 589 170 -8,5% 5%
Ford 523 970 -19,2% 4,4%
Hyundai 515 886 +21,6% 4,4%

Grupo Hyundai «em alta»

Como seria de esperar, os bons resultados da Hyundai foram sinónimo de um bom resultado de vendas de todo o Grupo Hyundai (Hyundai, Kia). Com 1,02 milhões de unidades vendidas entre a Hyundai e a Kia, o grupo sul-coreano cresceu 21%, muito graças à chegada de novos modelos como o Hyundai Tucson.

Estes números permitiram ao Grupo Hyundai estabelecer-se como o quatro maior grupo no mercado europeu, vendendo apenas menos 75 mil unidades do que o Grupo Renault. Por falar no grupo gaulês, este caiu 10,9% mas viu a Dacia e a Alpine crescerem 1,3% e 83,6%, respetivamente.

Hyundai Tucson Hybrid
O Hyundai Tucson foi um dos «obreiros» do bom resultado da Hyundai no mercado europeu em 2021. © Thomas van Esveld / Razão Automóvel

Além do Grupo Hyundai, apenas o Grupo Toyota (Toyota, Lexus) conseguiu crescer, com as 760 178 unidades vendidas pelas duas marcas que o compõem a representarem um crescimento de 9,6% e uma quota de 6,5% (face aos 5,8% de 2020). Para tal contribuiu a chegada do novo Toyota Yaris Cross ao muito procurado segmento B-SUV.

Já a Stellantis no seu primeiro ano de existência viu as vendas de todas as suas marcas corresponderem a um decréscimo de 1,6% face a 2020. Contudo, o grupo dirigido pelo português Carlos Tavares manteve a quota de mercado, 20,2%.

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Quanto ao Grupo Volkswagen, este manteve a liderança do mercado europeu, mas viu as vendas descer 3,7% (2,94 milhões de unidades) e a quota de mercado fixar-se nos 25% (era de 25,6% em 2020).

A «guerra dos premium»

Entre os grupos das marcas premium, o Grupo BMW é o que tem mais razões para celebrar. Composto pela BMW e a MINI, o grupo alemão viu as vendas crescer 1,3% face a 2020, com um total de 858 762 unidades vendidas, o que corresponde a uma quota de mercado de 7,3%.

O seu compatriota, a Daimler (Mercedes-Benz e Smart) viu as vendas descer 11% (678 574 unidades) e a quota de mercado decair dos 6,4 para os 5,8% enquanto na Jaguar Land Rover a quebra de vendas foi de 6% (com 149 784 unidades vendidas em 2021).

BMW 545e
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Por fim, a Volvo cresceu 1,1% para 289 301 unidades vendidas em 2021 e uma quota de 2,5% enquanto a Audi (inserida no Grupo Volkswagen) vendeu 597 428 unidades, uma ligeira quebra de 0,5% e que lhe garantiu 5,1% de quota de mercado.

Mais subidas a registar

Apesar das muitas descidas registadas no mercado europeu em 2021, como temos visto, há marcas que conseguiram recuperar relativamente a 2020 e até dar saltos substanciais.

Entre essas e que ainda não foram mencionadas, temos dentro do Grupo Volkswagen a SEAT/CUPRA (+6,8%), a Porsche (+5,9%) e as mais pequenas Lamborghini e Bentley.

Também na Stellantis, a Opel/Vauxhall conseguiu ficar em território positivo (+0,1%), assim como a Jeep (+4,1%) e a Lancia (+1,5%).

Por fim, apesar da quebra da Daimler, a sua marca Smart registou um aumento expressivo de 31,3%, enquanto a Mazda viu as suas vendas crescer 4%.

Fonte: ACEA

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