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Chineses ganham aliado europeu contra as tarifas dos elétricos da UE

Os fabricantes chineses levaram a sua luta contra as tarifas dos carros elétricos ao Tribunal de Justiça da UE e há uma marca alemã que se juntou ao grupo.

bmw ix3 traseira
© BMW

Os fabricantes chineses escalaram a disputa das tarifas da União Europeia sobre os elétricos importados da China, ao interpor um recurso judicial no Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). Agora ganharam um aliado de peso nessa luta: a BMW. Neste artigo explicamos os motivos da marca alemã e as implicações das tarifas no mercado europeu.

Começando pela motivação do Grupo BMW. O Grupo BMW juntou-se, assim, à BYD, Geely e SAIC no mesmo recurso e não é difícil de perceber o motivo: os Mini Cooper e Aceman são produzidos na China, assim como o BMW iX3.

No caso dos Mini (produzidos em parceria com a Great Wall Motors), foram penalizados com uma tarifa adicional de 35,3% sobre a tarifa regular de 10%. No iX3 (produzido em parceria com a Brilliance) a tarifa é de 20,7%.

MINI JCW Electric e JCW Aceman 2024
© MINI MINI JCW Electric e JCW Aceman.

O que está em causa?

A União Europeia justifica as tarifas — aprovadas em outubro de 2024 e que terão uma duração de, pelo menos, cinco anos —, como uma medida para proteger a indústria automóvel europeia e garantir condições de concorrência justas.

Por outro lado, os fabricantes chineses argumentam que as taxas são injustas e podem prejudicar a transição para a mobilidade elétrica na Europa. Mas não são apenas os fabricantes chineses.

Além da BMW, há outros construtores europeus que se manifestaram contra as tarifas e que estão a ser impactados, como o Grupo Volkswagen ou a Volvo — que só no segundo semestre de 2025 passa a produção do seu elétrico mais pequeno para uma fábrica na Europa.

As tarifas podem resultar num aumento dos preços, caso os fabricantes transfiram para os consumidores parte ou a totalidade do custo adicional. E esse aumento, a acontecer, não poderia vir em pior altura.

Uma onda de choque

Em 2025 há metas de emissões na UE para cumprir e a forma mais eficaz de as alcançar é vendendo mais automóveis elétricos. Se o preço elevado continua a ser um dos principais entraves à sua adoção, então as tarifas não vão ajudar nesse capítulo.

Recordamos que em 2024 registou-se, pela primeira vez, uma descida nas vendas de carros elétricos na União Europeia. Ainda que a principal razão para essa queda esteja no fim dos incentivos em mercados-chave, como o alemão, e não na entrada de tarifas para elétricos importados da China.

Neste episódio do podcast Auto Rádio, da Razão Automóvel, explicamos tudo o que está em causa no mercado europeu. Assista aqui:

E agora?

O recurso interposto pela BYD, Geely, SAIC e agora a BMW ao Tribunal de Justiça da União Europeia contra as tarifas não irá conhecer uma decisão rápida — este tipo de procedimentos demora, em média, 18 meses. E poderá demorar mais, caso a UE decida recorrer da decisão do tribunal.

Ainda é cedo para perceber verdadeiramente o impacto das tarifas adicionais da UE no preço dos elétricos importados da China ou nas suas vendas. No final de 2024 vimos, pela primeira vez, um recuo na quota de mercado dos elétricos de fabricantes chineses na UE.

Para contornar as tarifas, alguns fabricantes, como a BYD ou a Volvo, anunciaram que iriam trazer para os estados-membros a produção desses modelos elétricos. E foram vários os fabricantes chineses — BYD, NIO ou Leapmotor — que decidiram alargar a sua oferta aos híbridos plug-in, que não são afetados pelas tarifas.