Tarifas de Trump ameaçam Stellantis. Lucros podem cair 75%

As tarifas de importação de automóveis anunciadas por Donald Trump ainda não entraram em vigor, mas as previsões do seu impacto já ascende aos milhares de milhões de euros.

De acordo com um relatório do banco de investimento Jefferies, citado pela Automotive News Europe, a Stellantis deverá ser o grupo mais impactado: o lucro poderá decrescer em 75% com a aplicação das tarifas.

A realidade da Stellantis

No ano passado, a Stellantis exportou 305 mil automóveis para os EUA — destes, apenas cerca de 58 mil unidades vinham da Europa —, num total de 1,3 milhões vendidos. Número que equivale a um valor de 17,1 mil milhões de dólares (15,8 mil milhões de euros). O estudo estima que as tarifas automóveis poderão impactar o grupo em 4,3 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros).

O mesmo vai acontecer com as peças que representam um valor de 6,8 mil milhões de dólares (6,28 mil milhões de euros) para a Stellantis. O impacto estimado das tarifas será 2,8 mil milhões de dólares (2,58 mil milhões de euros).

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Embora 61% dos automóveis vendidos pela Stellantis nos EUA sejam produzidos localmente, o grupo continua a estar muito dependente das suas fábricas no México e no Canadá para fornecer os EUA.

A situação industrial da Stellantis na América do Norte é, atualmente, delicada. O grupo tem um excesso de capacidade produtiva que ronda os 1,3 milhões de unidades — as vendas no mercado norte-americano estão a contrair há alguns anos.

As fábricas que tem nos EUA estão subutilizadas: estão a operar apenas a 52% do total de capacidade; é regra geral que uma fábrica tem laborar a, pelo menos, 80% da sua capacidade total para ser viável.

Para mitigar o impacto das tarifas, a Stellantis poderá transferir parte da produção que tem no Canadá e México para as fábricas que tem nos EUA.

Reação da Stellantis

Face a este anúncio, a Stellantis manifestou preocupação com o impacto das tarifas, mas afirmou estar “comprometido com a visão do presidente Trump de aumentar os empregos e a produção automóvel nos EUA”.

No entanto, a empresa sublinha que é “fundamental que as tarifas sejam implementadas de forma a evitar o aumento dos preços para os consumidores e a preservar a competitividade do setor automóvel integrado da América do Norte.”

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Desde o anúncio das tarifas, as ações da Stellantis caíram 4,1% na bolsa de Milão, atingindo o seu nível mais baixo desde a fusão da Fiat Chrysler Automobiles com o Grupo PSA, em 2021.

Para além da Stellantis, o Jefferies prevê que os fabricantes alemães — Grupo Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz — também sejam fortemente afetados, com perdas estimadas entre os 25% e os 40%.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

EUA, Mercado, Stellantis, Tarifas