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Europa e China não se entendem. UE recusa proposta de preço mínimo

As tarifas de importação aos automóveis elétricos produzidos na China podem ter sido aprovadas, mas as negociações estão longe de terminar.

BYD Atto 3 frente
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Se há uns dias as negociações sobre uma solução alternativa às tarifas de importação entre a União Europeia (UE) e a China pareciam estar a chegar a bom porto, agora parecem mais distantes do que nunca.

Fontes próximas à Reuters avançaram que a Comissão Europeia (CE) rejeitou a proposta de preço mínimo — estabelecido em 30 mil euros — do Governo chinês em alternativa às tarifas sobre os automóveis elétricos importados da China.

Não se conhecem muitos detalhes do que o Governo chinês propôs à CE, mas a solução do preço mínimo tem sido a mais discutida. De acordo com as mesmas fontes, a forma como este é calculado poderia variar consoante o construtor, o modelo ou até a sua autonomia. Estas avançaram ainda que preços mínimos de 35 mil euros a 40 mil euros serviriam como melhor ponto de partida para as negociações.

MG4, frente
© MG

Bruxelas justificou a rejeição da proposta sob o principio de que as novas tarifas não são apenas para mitigar os preços praticados pelos elétricos “made in China” na Europa, mas também para remover o impacto dos subsídios estatais recebidos pelas empresas.

Impacto das tarifas

A proposta chinesa de implementar um preço mínimo, visava garantir que os construtores de elétricos produzidos nesse país respeitassem certos limites de preços, evitando que o mercado europeu fosse inundado com modelos com preços impossíveis de competir pelos concorrentes locais.

Dito isto, um dos apelos que o mercado europeu tem para os construtores chineses como a SAIC (que tem a MG) e a BYD é, precisamente, poder vender os seus modelos por valores bastante acima dos praticados no seu mercado interno. O que reduz ou anula as perdas associadas à guerra de preços que permanece no mercado chinês.

Com a aprovação das tarifas, as desejadas margens de rentabilidade vão sofrer, caso os construtores afetados não alterem o preço de venda dos modelos. E caso aumentem o preço para mitigar o impacto das tarifas, são as vendas que poderão sofrer. Nenhum dos cenários é desejável por parte dos construtores afetados.

Negociações vão continuar

Apesar das negociações que se prolongam por várias semanas, não parecem estar a surtir grande efeito.

Recordamos que no dia 4 de outubro, foi aprovado pela CE — sem maioria qualificada — a implementação das tarifas, que vão estar em vigor durante os próximos cinco anos. Contudo, o regulamento final só será anunciado no dia 30 de outubro. Até lá, pelo menos, as negociações entre UE e China prometem continuar.

Retaliação

Em resposta à aprovação das tarifas de importação sobre os carros elétricos importados da China, o governo chinês anunciou esta terça-feira (8 de outubro) tarifas anti-dumping temporárias sobre as importações de conhaque da UE, atingindo marcas francesas como a Hennessy e a Ramy Martin.

A França foi um dos países a votar a favor das tarifas, onde ficou acordado que iriam ser impostas taxas aos elétricos produzidos na China de até 35,3% (sobre os 10% já existentes).

Saiba quais as marcas e modelos afetados:

Elétricos "Made in China" UE aprova tarifas até 45% a elétricos feitos na China. Muitas abstenções e o contra alemão

Fonte: Reuters