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Portugal está a importar os carros que já ninguém quer na Europa

A importação de carros em Portugal está a aumentar e a idade média também. E há uma tecnologia que está a dominar entre os importados.

BMW 320d, perfil
© BMW

O parque automóvel em Portugal está cada vez mais envelhecido — neste artigo encontra os números totais do mercado nacional. O número de carros em circulação no nosso país com mais de 20 anos atingiu um novo máximo: 1,6 milhões de automóveis e a idade média bateu um recorde ao ultrapassar os 14 anos (14,1).

Há dois fatores a contribuir para este envelhecimento: os portugueses estão a trocar de carro mais tarde e a importar modelos cada vez mais antigos.

Pedro Lazarino, da direção da ACAP – Associação Automóvel de Portugal e diretor da Stellantis, admite que “Portugal está a ser usado como fonte de escoamento de carros mais poluentes”, importando veículos com pouca procura noutros mercados.

Carros mais velhos e com motor Diesel

Os números da ACAP, revelados hoje, mostram que foram importados para Portugal cerca de 106 mil carros em 2024 (menos 4000 face a 2023) e que a idade média situa-se nos oito anos.

No total, 40% dos carros importados têm entre 5 e 10 anos, e 27% têm mais de 10 anos. Apenas 2% superam os 20 anos desde a primeira matrícula.


Lista de automóveis usados (ligeiros de passageiros) importados em 2024. Fonte: ACAP

Mas não é apenas a idade média dos carros importados que chama a atenção. A tecnologia escolhida pelos portugueses, na altura de importar um carro usado, está cada vez mais em desuso: são veículos Diesel.

Os dados revelam que em 2024, 44% dos usados importados tinham motores Diesel. O peso destas unidades na venda total de modelos Diesel no país é significativa: da totalidade de carros Diesel registados em Portugal, em 2024, 72% foram usados importados.

No mercados dos novos os Diesel são marginais. No mercado de usados importados ainda dominam.

Em conferência de imprensa, Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, admitiu que a simplificação fiscal anunciada pelo Governo tem facilitado as importações destes veículos, nomeadamente em sede de ISV, onde a componente ambiental está a baixar o valor cobrado por carros mais poluentes.

Além disso, a ACAP considera que o regime estabelecido para incentivar o abate de veículos em fim de vida está longe de corresponder às expectativas. “O Governo fez uma aplicação muito fraca, mais reduzida do que era expectável. Não estava a funcionar”, referindo-se ao facto dos incentivos dos elétricos para pessoas singulares, estarem disponíveis apenas para quem abate um carro a combustão.

A sugestão da ACAP vai no sentido de alargar os incentivos ao abate para quem quer comprar veículos eletrificados, sejam híbridos ou híbridos plug-in, aumentando o número de veículos elegíveis para o programa. Segundo esta associação, o parque automóvel nacional continua a ser pouco sustentável. 55% ainda são carros a gasóleo, 36% a gasolina e 9% a energias alternativas.

Fonte: ACAP