Notícias Espanhóis e italianos não querem ouvir falar de elétricos

Mercado

Espanhóis e italianos não querem ouvir falar de elétricos

As vendas de automóveis elétricos continuam a abrandar em países europeus como Espanha ou Itália. Em Portugal e França há sinais positivos.

Renault 5 E-Tech carregamento elétrico
© Event Photos

Ao contrário de Portugal, que tem sido um dos mercados que tem avançado rapidamente rumo à eletrificação, em países como Espanha ou Itália, a transição para automóveis 100% elétricos continua a ser feita com alguma dificuldade.

Na análise das vendas do primeiro trimestre deste ano no país vizinho, por exemplo, foi registada alguma estagnação nas vendas de automóveis elétricos em relação ao ano passado. E em Itália, os valores são ainda mais reduzidos, com os elétricos a representarem apenas 3,3% do mercado.

Além disso, se os números de 2023 já não eram animadores, os de 2024 parecem ser ainda piores. Em Itália, por exemplo, as vendas de automóveis elétricos nos primeiros três meses do ano tiveram uma descida de 34,5%, face ao período homólogo de 2023.

Em Portugal, mesmo com um rendimento per capita inferior ao de Espanha em cerca de 20%, continua a ser verificada alguma capilaridade rumo à eletrificação do mercado automóvel. E as vendas de veículos 100% elétricos praticamente triplicaram face ao mercado espanhol.

Estes valores devem-se, essencialmente, aos incentivos fiscais destinados a empresas, com a possibilidade de deduzir o IVA, por exemplo, que acaba por ajudar na decisão de renovar a frota com veículos elétricos. Face a outros países europeus, Portugal também se destaca por ter uma burocracia menos complicada no acesso aos diversos incentivos existentes.

Do lado oposto aos sinais negativos, a Noruega continua no topo — graças a um conjunto de benefícios fiscais muito completo e generoso —, com mais de 90% das vendas a serem de automóveis 100% elétricos.

Em França registou-se uma subida em torno dos 5% face ao primeiro trimestre do ano passado. Já no mercado sueco e no britânico, os valores permaneceram praticamente na mesma.

Porque é que se vendem menos elétricos?

Além dos preços de aquisição mais elevados, um dos motivos apontados para os números mais baixos de vendas dos automóveis elétricos, comparativamente a modelos com motor a combustão, é a infraestrutura insuficiente de carregamento.

Em Espanha, por exemplo, existiam apenas 32 422 postos no final de abril, quando deviam ser 63 500 até ao final deste ano. No entanto, este é um problema generalizado na grande maioria dos mercados europeus.

“Quase dois terços dos pontos de carregamento europeus estão concentrados em três países: Alemanha, França e Países Baixos.”

“Definir metas ambiciosas de eletrificação, sem ter condições igualmente ambiciosas para as implementar, não é uma estratégia muito inteligente. A Europa precisa de fazer muito mais.”

Sigrid de Vries, diretora-geral da ACEA

As metas impostas pela União Europeia incluem uma redução das emissões poluentes em cerca de 55% até ao ano 2030 (programa Fit for 55) e a proibição de venda de automóveis com motores de combustão a partir de 2035 — com exceções para os modelos que consumam apenas combustíveis sintéticos ou neutros em carbono.

Até lá, os construtores de automóveis continuam a afinar as suas estratégias. Nos últimos meses temos assistido a um ressurgimento dos híbridos e vimos vários construtores a reforçar as suas gamas com estas propostas ou com intenções disso.

Fontes: Electromaps, EuroWeekly e SUR in English